segunda-feira, 1 de março de 2021

As enternecedoras crenças das almas simples acantonadas nas direitas

 


A manhã apresentou-se bonançosa para as almas simples das direitas. O Diário de Notícias, que mudou de donos para melhor acentuar o pendor para esse lado ideológico, faz capa com a novidade:  “PS ultrapassado pela direita graças ao fôlego dos liberais”. E assim se anuncia a nova coqueluche dos que suspiram pelo dia em que António Costa deixe de os assombrar nos telejornais. Depois do desastre que tem sido a condução do PSD por Rui Rio, do desaparecimento do CDS às mãos de um puto imberbe e da lenta degradação da ignóbil criatura, que tende a constituir-se em efémero fogo fátuo, os cândidos defensores das virtudes da mão invisível dos mercados transferem-se para a Iniciativa Liberal.  Vale-lhes a figura mais civilizada de Cotrim Figueiredo, capaz de se eximir à crescente rejeição ao colega de trincheira, cuja ambição desmedida tende a evoluir para a merecida irrelevância grupuscular.

Numa nada inocente opção editorial quem concebeu a capa do matutino lisboeta mostra António Costa inclinado para a esquerda num patamar abaixo ao de Cotrim que, atrás, parece esperar pela sua hora.

Crédula nas suas possibilidades haverá, nas direitas, quem já sonhe com uma nova AD em que o CDS se veja substituído pelo natural sucessor na bancada parlamentar.

E, no entanto, essa gente bem pode olhar para outras peças jornalísticas, de gente insuspeita de simpatias para com o partido do governo que afiançam que “o medo da pandemia e da crise, a dependência do Estado, a fragilidade da oposição do PSD e o papel tutelar do Presidente são fatores que contribuem para a estabilidade do Governo nas sondagens” (São José Almeida) ou “com o Plano de Recuperação e Resiliência à cabeça, há milhares de milhões de euros para investir em soluções conjunturais mas também estruturais. Há dinheiro (em subvenções) como já não havia há muito tempo para cumprir programas de Governo e promessas eleitorais. Os bolsos podem não estar suficientemente cheios (nunca estão), mas estão bastante mais cheios do que noutras alturas difíceis. Sim, é uma má sorte ser primeiro-ministro agora, mas também é um tempo para oportunidades únicas. António Costa dixit.” (Sonia Sapage).

Se as direitas querem ver a sondagem da Aximage a seu favor ela não deixa de mostrar os partidos de esquerda com 52, 4% contra  os 39,5% dos da direita. Ou António Costa a subir de 53 para 54% na confiança dos portugueses.

Realizada a sondagem no rescaldo de um período em que o número de mortos e de novas infeções devidas à pandemia tinham crescido significativamente, os indicadores agora anunciados ainda tenderão a ser menos simpáticos para quem quer ver o governo posto em causa, com a progressiva descida desses números...

1 comentário:

  1. Realmente, o título "PS ultrapassado pela direita" não é sério! A comparação deveria ser PS com PSD ou então, esquerda (toda) com a direita (toda)! Tal capa tem tudo a ver com o tipo de "jornalismo" praticado atualmente pela generalidade da comunicação social!,,,

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