Quando António Costa considera que sensatez é o que todos deveremos ter nesta fase da pandemia particularmente agravada por essa Europa fora, mas aqui controlada, também dá a receita para o que deveriam ser os comportamentos das forças políticas à esquerda ou à direita, numa altura de desejável unidade nacional, mas aproveitada pelas oposições para injustificáveis chicanas políticas. Uma das «reivindicações», que as esquerdas fazem tem a ver com a urgência em se quebrarem as patentes das farmacêuticas e garantir uma produção pública das vacinas.
Dito assim parece anseio mais do que justificável, porque em conformidade com o verdadeiro interesse coletivo. O pior é traduzir os desejos em realidades, porque as vacinas em causa são fabricadas de acordo com processos industriais para os quais concorrem dezenas de matérias-primas ou elaboradas nos cinco continentes, cuja cadeia de comercialização é demasiado complexa para quem os inicia praticamente a partir do zero.
Vale a pena apostar na capacidade nacional de fabrico destas e doutras vacinas ? Sem dúvida e o governo já mostrou disponibilidade para apoiar quem se diz capacitado para tal. Mas, agora, em cima do acontecimento, quando as brasas estão a escaldar por baixo dos nossos pés, basear o discurso crítico antigoverno com tais argumentos só pode demonstrar uma inaceitável desonestidade intelectual. E esta qualificação aplica-se como uma luva a Catarina Martins, que de tal tem dado amplas demonstrações nos meses mais recentes.
Nas direitas há quem se iluda com a proatividade de Rui Rio quanto à escolha dos seus candidatos para as autárquicas. E querem iludir-se com o suposto medo suscitado por Carlos Moedas enquanto putativo opositor de Fernando Medina. Daí invocar-se a convocatória para ser ouvido na comissão parlamentar sobre o Novo Banco como prova evidente desse receio. Ora, como João Paulo Correia demonstra num texto de opinião hoje inserido no «Público» não é mais do que justificável a audição daquele a quem, mês e meio antes do conhecido desenlace do GES e do seu Banco, levava José Manuel Espírito Santo a lançar para a ata do conselho superior do grupo o lapidar: “O Moedas” O Moedas! Eu punha o Moedas a funcionar!”?
Que o pôs assim o confirmaram as reuniões com o governo, que se seguiram e foram confirmadas numa das audições desta semana. Que o seu lobbying para ajudar Ricardo Salgado & Cª se estendeu a Bruxelas, também não sobram dúvidas. Como ainda mais se confirmará que Moedas e todos os seus parceiros do governo de Passos Coelho tinham plena noção do castelo de cartas do Banco prestes a ruir e aceitaram de bom grado a enorme vigarice, que foi a operação de aumento de capital.
Convenhamos que um tal curriculum não se pode aceitar para quem pretenda exercer cargos públicos sob pena de neles voltar a dar primazia aos interesses privados em detrimento do bem comum.
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