Porque não pertenço à Maçonaria, e muito menos à Opus Dei, pouco tenho a ver com a campanha descabelada, que o PAN e o PSD lançaram contra os respetivos aderentes a não ser como exemplo evidente do estado de desorientação por que passam ambos os partidos e as respetivas lideranças. Num e noutro caso temos exemplos óbvios de quem mais nada tem para dizer e agarra-se ao que aparece como prova de ainda ter algo a dizer no espaço público.
No caso do partido animalista a saída iminente do seu mais conhecido rosto está a servir de pretexto para que se afirme a tendência antissocialista, que já vem dando os primeiros sinais do que almeja ao associar-se ao PSD Açores para substituir o renitente Chega da coligação ali precariamente implantada. Ciente do atávico receio instilado pelo salazarismo nas camadas mais ignorantes da população essa ambiciosa gente decidiu dele fazer cavalo de batalha dada a pública proximidade entre o Grande Oriente Lusitano (GOL) e o Partido Socialista. Que António Arnaut tenha sido apenas um dos muitos insignes democratas, que pertenceram a ambas as organizações de pouco importa, porque ao PAN só interessa enxovalhar, através da suspeição infundada facilmente aproveitada pelo jornalixo reinante se acaso a sua proposta tivesse possibilidade de aprovação.
No caso de Rui Rio a apetência pelo tema pode ser outra, porque sabe existirem internamente muitos supostos maçons, mesmo que filiados numa outra corrente cujos ecos públicos sempre tiveram muito a mais a ver com a cumplicidade das negociatas do que com as inquietações transcendentais dos filiados no GOL. Boa parte dos escândalos de corrupção dos últimos anos estão associados à famosa Loja Mozart onde pontificaram muitos cavaquistas e passistas, embora o afã do Ministério Público para lhes averiguar as malfeitorias nunca tenha equivalido ao demonstrado, quando se tratou de acusar e fazer condenar políticos de esquerda por crimes de menor monta e, nalguns dos casos, insuficientemente comprovados. Será que Rui Rio procura lançar para fora as achas, que anseia ver a chamuscarem alguns dos seus principais adversários internos?
Curiosa foi, entretanto, a acusação que Lobo Xavier veio lançar esta semana e a querer focalizar num dos lados da atribulada suspeição todos os malefícios, que silencia em relação aos do seu próprio lado, o da Opus Dei, a que estão ligados tantos dos seus amigos e correligionários.
A propósito deste tipo de situações o grande William Shakespeare criou uma saborosa comédia: Much Ado about Nothing. Com ela nos divertimos nas diversas propostas que o teatro ou o cinema nos propiciou. Com o PAN ou com Rui Rio nem isso nos pode animar. Porque é mesmo muito barulho para nada...
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