quarta-feira, 23 de dezembro de 2020

Uma clarividência a esvair-se?

 

Fiquei atónito ao ouvir Marcelo a dar a sua receita para que os portugueses o imitem nesta época festiva. Será que ele tem noção do que está a dizer? Não se apercebe que basta ser contaminado no almoço do primeiro dos quatro dias dedicados a sucessivos repastos com os amigos e familiares para logo comprometer a saúde dos que com ele conviverem nos três dias seguintes?

A reação dos especialistas, que vêm manifestando preocupações quanto à possibilidade de replicar-se entre nós o exponencial crescimento da pandemia verificado nos Estados Unidos logo após o feriado da Ação de Graças, coincidiu com o que percecionei: os «conselhos» de Marcelo são o absoluto contrário do que deverá ser respeitado no Natal e no Réveillon. Se queria dar o exemplo, só o conseguiu pela negativa!

Este desajustamento de Marcelo com a realidade factual só confirma o que se saldou do episódio com o diretor nacional da PSP: quis transformá-lo na rampa de lançamento de Eduardo Cabrita para a demissão e viu frustrado o intento.

Doravante deveremos estar atentos aos passos por ele dados e que deem razão à suspeita de, alguns deles, serem inesperadamente em falso. Porque, a assim ser, ele perderá as características tão temidas do escorpião que, à menor distração do governo, assestará letal ferroada. Pelo contrário poderemos constatar que o ferrão está a perder vitalidade e não terá força suficiente para penetrar na carapaça com que António Costa se blindará e aos seus ministros. Muito provavelmente veremos Marcelo dar razão à sua versão de há alguns anos, quando considerou Balsemão «lélé da cuca«. O que pressupõe um crepúsculo semelhante ao do seu antecessor que, antes de concluído o segundo mandato, já era uma espécie de morto-vivo a arrastar-se pelos corredores do palácio de Belém. O que, convenhamos, será o exato contrário do desejado por Marcelo quando viu nas funções de presidente da República a boia de salvação para a irrelevância por que passa pela História portuguesa: falhado o seu destino de político de exceção, quando fracassou clamorosamente como líder do PSD, satisfaria o inchado ego com a possibilidade de ser quem bateria records nas eleições presidenciais. Ora, estando posta de parte a superação da votação de Mário Soares para o seu segundo mandato, ele sabe que ninguém o lembrará daqui a um par de décadas. Tal qual o cavaquismo, que tão forte pareceu e hoje ninguém se atreve dar-se como seu herdeiro, também Marcelo não conseguiu impor uma qualquer forma de marcelismo. Até porque, segmentada tal qual estão, as direitas com que se identifica, não se apresentam em condições de fornecer-lhe soldados para pugnas para as quais se sabe demasiado fraco para almejar vencer.

2 comentários:

  1. Se fosse António Costa a produzir estas declarações, já tina caído o Carmo e a Trindade, os jornalixos teriam feitos as delicias das suas parangonas, quer escritas, faladas ou televisivas. É a diferença de ser-se de Direita ou de esquerda, á direita tudo se tolera, á esquerda pelo contrário tudo se condena!

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    1. O VENTOINHAS é assim se vento der para a esquerda vira para a esquerda estiver para para direita... e assim sucessivamente um populista que lê muitos jornais e que acha que os titulos dos jornais e das televisões são as opiniões das pessoas comuns,uma tristeza Marcelista.

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