terça-feira, 8 de dezembro de 2020

E lá se foi o tabu!


Ontem ficámos descansados, porque o Marcelo decidiu quebrar o tabu: nós que nos angustiávamos com o facto dele se recandidatar ou não, pudemos finalmente descansar: ele diz que não foge às responsabilidades. E nós também agimos de acordo com as nossas: negando-lhe o voto!

Assim ditaram os fados que, ao sétimo dia deste mês de dezembro, Marcelo saísse do palácio, caminhasse alguns passos até uma pastelaria próxima e cumprisse o desígnio de descansar os portugueses. Estes que ele julgou encherem as redes sociais e as conversas com amigos e familiares nestas últimas semanas sobre se se recandidataria ou não, ali tiveram taxativa resposta. Dando satisfação ao seu inchado umbigo vai mesmo a jogo para manter-se no centro do palco, nos cinco anos que se seguem.

O discurso mostrou-nos o personagem no seu esplendor: disse-se igual a si mesmo de acordo com o dele conhecido por todos os portugueses, e nós obviamente lembramos o comprometedor código genético, que o pôs a enfileirar ao lado do pai em desfiles da Mocidade Portuguesa, quando estee era destacada figura do regime. Ou os mesmos genes, que o fizeram furar greves académicas, quando os colegas cuidavam de pôr em causa o regime do padrinho. Ou ainda quando, como membro do júri de Saldanha Sanches, quando este prestou provas para catedrático em vésperas de morrer, lhe atribuiu incompreensível chumbo.

Disse-se igualmente defensor de todas as liberdades, mas lembramo-nos bem de como deu a mão a António Guterres e ambos sabotaram a possibilidade de haver despenalização do aborto mais cedo, impedindo que se poupassem as mulheres que, nos anos seguintes, morreram ou sofreram irreversíveis sequelas da clandestinidade a que se sujeitaram para se livrarem dos indesejados fetos.

Marcelo afiançou que o conhecemos bem. E eu reitero que é o suficiente para, nem por sombras, nele ponderar votar nas presidenciais de janeiro. A menos que o facho conseguisse o brilharete, que sabemos improvável, e nos sujeitasse a uma escolha à segunda volta entre ambos.  Caso então em que teríamos de optar pelo menos mau dos dois.

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