A triste figura, que Miguel Relvas vem fazendo, quer no plenário da Assembleia da República, quer na comissão parlamentar criada para o ouvir sobre o envolvimento com Jorge Silva de Carvalho, revela um Governo em fase acelerada de degenerescência, com os episódios a sucederem-se com uma frequência típica de quem já se encontra em final de ciclo de validade.
Para quem assiste à artilharia pesada disparada pela Oposição contra o Ministro, existe uma certa satisfação por o ver acossado, quando, ainda há pouco, parecia dotado de um poder inquestionável, que o levava a pressionar no sentido do saneamento de Pedro Rosa Mendes da Antena 1 ou de rasgar o acordo com Paulo Futre para comentar a presença da seleção portuguesa no Europeu.
A surpresa para Miguel Relvas terá sido a da reação de alguns jornalistas contra os seus métodos de condicionamento do que deve ou não ser publicado em jornais ou emitido por imagens ou sons. O desgaste político, que sobre ele recaiu em poucos dias, serve de lição para quem se julga ainda capaz de dobrar a realidade ao seu arrogante arbítrio. Se os Kadhafis ou os Saddams pareciam tão poderosos e acabaram como todos sabemos, o que se dirá de quem procura recorrer a métodos ditatoriais numa sociedade ainda sujeita às regras do jogo democrático?
E, ao colar-se tão imprudentemente ao seu ministro e amigo pessoal, Passos Coelho pode estar a assinar a sua certidão de óbito para mais cedo do que se esperaria: dificilmente a queda de Relvas não precipitará a sua. Nesse sentido o político vindo de Massamá lembra inevitavelmente uma célebre frase de Groucho Marx:
"Ele pode parecer um idiota e até agir como um idiota, mas não se deixe enganar: é mesmo um idiota!"
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