Alexandre Soares dos Santos tem uma agenda política e, com total insensibilidade social e moral, pôs as suas lojas, os seus trabalhadores e os seus clientes ao serviço dessa agenda. Alguma coisa, além de comida a metade do preço por um dia, os portugueses ganharam com isso: viram o rosto que está por detrás da máscara.
Manuel António Pina, Jornal de Notícias
O oportunismo imoral do grupo jerónimo Martins foi óbvio e roça a ilegalidade, mas sinceramente o que preocupa e dá verdadeiramente que pensar são os sinais sonoros - estridentes e evidentes - que toda esta situação emite e que assustam. Aflige-me a indignidade. A perda completa da racionalidade de tantos ao mesmo tempo e o recurso aos comportamentos mais primitivos na proteção de algo que tem a ver com a subsistência mais básica. É atroz. Fere. Magoa. Não deveria ter acontecido. Não deveriam as pessoas nunca em tempo algum ser colocadas nesta posição.
Tiago Mesquita, Expresso
A pobreza não é uma escolha, é uma condição social. O combate contra a desigualdade não é um delírio de uma elite bem-pensante. É uma urgência política. O que há de inaceitável no que ontem aconteceu, é o Estado ter desistido de representar os interesses da maioria e permitir que uma empresa se aproveite da crise para violar todas as regras comerciais e sociais. As pessoas que lá foram, essas, apenas fizeram o que fazem todos os humanos a quem não lhe sobram recursos: tentaram o que era melhor para elas.
Daniel Oliveira, Arrastão
Mesmo ignorando uma possível condenação por concorrência desleal, a empresa tornou-se responsável por cenas degradantes que ofendem a consciência de muitos de nós. É difícil negar-se que o estado de necessidade de muita gente foi objetivamente transformado num espetáculo ao serviço da estratégia promocional do Pingo Doce.
João Pinto e Castro, Jugular
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