Compreende-se o drama existencial por que está a passar o PSD à conta do comportamento criminosamente inconstitucional de Miguel Relvas.
É que, desde há muito tempo, Passos Coelho só aparenta verticalidade porque esse seu amigo lhe tem servido de espinha. Apanhe-o distraído e sai asneira da grossa, como tem sido notório nas tão disparatadas afirmações dos últimos meses! E deixe de contar com a sua colaboração quotidiana e logo confirmará aquilo que é: tão sólido como um molusco!
Que acontecerá, pois, ao Governo se o ministro dos Assuntos Parlamentares for empurrado para a demissão?
Com um Portas, que se tem sabido preservar para garantir a estocada definitiva no momento certo – aquele em que possa competir com o PSD pela liderança da direita! - o PSD estará condenado a uma tumultuosa convulsão interna.
A difícil unidade de que tem dado provas até aqui estilhaçar-se-á com os cavaquistas a puxarem para um lado, os bloguistas de direita catapultados para os lugares de «boys» de serviço nas assessorias dos ministérios a quererem conservar os ordenados com que nem sonhavam há ano e meio e os autarcas a fazerem os possíveis para não serem tão vitimados quanto prometem ser nas eleições do próximo ano.
Resultado: todos a culparem os demais por terem desperdiçado a ocasião para o exercício duradouro do poder e sem atenderem às suas próprias responsabilidades.
E como de costume: um espetáculo nada bonito de se ver de dentro, embora possa justificar algum gáudio a quem de fora o apreciar...
A queda de Relvas poderá, pois, constituir a ruína fragorosa do castelo de cartas em que assenta este governo, só tornado exequível pela coligação de há um ano entre a direita, o PCP e o Bloco de Esquerda para derrubarem José Sócrates.
Recordemos como apenas se limitaram a cavalgar a conjuntura de então que tornou quixotescos os esforços empreendidos pelo Governo para evitar o descalabro para que os eleitores decididamente se predispuseram nas eleições de Junho.
Desde então, pressupus a curta duração de uma governação de direita tão incompetente quanto a ensaiada por Durão Barroso após a defeção de António Guterres. E só não tornada tão memorável por essa augusta personalidade se colocar depressa a milhas à frente da Comissão Europeia!
Hoje ainda estou mais convicto da iminente exequibilidade do regresso do Partido Socialista ao governo muito antes do que pressuporia a duração convencional da legislatura. Em consonância, afinal, com a tendência europeia para recolocar nos seus centros de decisão os partidos ligados ao pensamento social-democrata ou até mais à esquerda se se vier a confirmar a vitória do Syrisa na Grécia.
Não resta, pois, muito tempo para que se prepare uma alternativa consistente, capaz de devolver a esperança aos portugueses...
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