domingo, 25 de outubro de 2020

Eles continuam por aí, sempre prontos a bicarem

 



Conhecemos bem demais a história: quando Passos Coelho fez do seu governo um fartar vilanagem para quem pretendia privatizar tudo quanto ainda fosse pertença do Estudo, incluindo o ensino público, o Serviço Nacional de Saúde e a Segurança Social, divulgaram-se algumas notícias destinadas a facilitar a aceitação dessa completa rendição ao capitalismo selvagem pelos eleitores nacionais. No respeitante às pensões de reforma teciam-se loas aos PPR’s, que poupariam aos seus detentores a evidência de não haver como as pagar daí a poucos anos. Quando fundamentou os dados para a aprovação do Orçamento Geral do Estado de 2015 o governo de Passos Coelho previa para daí a quinze anos a total falência do sistema de pagamento das pensões de reforma então existentes. O que justificava outra estratégia de comunicação dos bancos e seguradoras no aliciamento dos mais jovens: para quê descontarem para as suas futuras reformas se nunca as iriam receber?

Desde então muito mudou: com as medidas tomadas pelo governo de António Costa para desmentir esses cenários catastróficos o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social viu robustecido o seu valor constituindo almofada suficientemente graúda para, nas condições atuais, ou seja sem se recorrerem a outras fontes de financiamento, suprir os eventuais défices entre as receitas e as despesas do sistema até meados da década de 50 deste século.

Agora vêm os defensores dos cenários apocalíticos propor títulos de primeira página com o facto de, em apenas dez meses, ou seja, tantos quantos já vivemos neste ano muito peculiar em que a economia caiu e as prestações sociais tiveram de aumentar significativamente, essa almofada ter-se perdido em dez anos. Ou seja, regressando às estimativas feitas pelo governo aquando da fundamentação para a aprovação dos Orçamentos de 2018 e 2019.

Se olharmos para a realidade de acordo com essas projeções estamos agora ao nível do previsto então, não se cumprindo as que no ano passado eram mais otimistas. Mas, acreditando-se que esta crise sanitária tem fim e o mesmo governo prosseguirá o rumo competente dos anos anteriores logo a inquietação pretendida pelos autores dessas notícias voltará a revelar-se sem fundamento. Mas elas revelam uma evidência, que nunca poderemos ignorar: os defensores dos que manipulavam Passos Coelho e seus ministros de acordo com os seus interesses, continuam muito ativos e têm na imprensa quem lhes secunde as intenções.

1 comentário:

  1. Meu caro, subscrevo tudo o que escreve, mas.... falta acrescentar que, sendo a economia circular, não se pode continuar a fazê-la retrair porque é dela, e só dela, que o Estado obtém os seus "rendimentos" a custo zero. Com uma economia em retração devido a sucessivos confinamentos, encurtamento de horários de trabalho, alteração forçada de hábitos de consumo, etc., a coleta de impostos, incluindo a TSU, tende a cair a pique, e o endividamento nos mercados não creio que seja sequer opção. O Estado para poder redistribuir o que coleta em Impostos, tem que assegurar ao tecido produtivo as condições para o poder coletar.

    ResponderEliminar