Das colunas de opinião, hoje inseridas no «Público», retenho as de Teresa de Sousa e Ferreira Fernandes sobre o que está a passar-se com a política norte-americana, quando faltam apenas trinta dias para a decisiva eleição, que condicionará seriamente o rumo de todos nós no curto, médio e longo prazo. Porque, repetindo-se a vitória de Trump, as direitas prosseguirão o rumo destrutivo do planeta, quando urgem medidas concretas e imediatas para não pôr definitivamente em causa a sobrevivência da Humanidade tal qual a conhecemos. A vitória de Biden poderá alimentar a esperança de algo de substantivo, capaz de refrear o rumo para esse desastre.
Não encontramos no texto de Teresa de Sousa a resposta para a mais recente pergunta do milhão de dólares: o facto do covid-19 ter apanhado Trump é uma boa ou uma má notícia para quem deseja a sua derrota? Para ela a incerteza, se já era gritante, ainda maior se tornou, embora o acontecimento só tenha corroborado o que, há muito, se concluiu: a irresponsabilidade do ainda presidente americano.
Na crise de identidade vivida pelos Estados Unidos Joe Biden não entusiasma, mas “é um pragmático que soube unir os democratas, comunica facilmente com as pessoas comuns e conseguiu colocar a sua campanha no lugar certo, apelando ao eleitorado que presa a decência e a civilidade, para que ambas regressem à Casa Branca, independentemente das ideologias. Dirige-se às pessoas que têm razões sérias para se preocupar com a pandemia e com os seus efeitos humanos, económicos e sociais devastadores; que percebem a revolta de uma parte da população que é sistematicamente discriminada em virtude da cor da pele, mesmo que rejeitem a violência de uma minoria”.
Ferreira Fernandes diz algo, que duvido se fará realmente sentido sobre o estado de saúde de Trump: “espera-se que lhe passe a covid-19, por duas razões. A primeira, porque a América merece ser ela, e não um vírus, a derrotar a bactéria que na história moderna mais pôs em perigo o país. A segunda, porque Donald Trump não pode desaparecer sem sabermos mais dele.”
Francamente não sei se a História não ficaria mais “compostinha” se registasse a sua morte ou invalidez como corolário de quatro anos desastrosos, coroados com um final shakespereano. É que, tendo em conta, o apoio a ele dedicado pelos evangélicos, que tudo veem como resultado da vontade divina, um final diferente do almejado pelo jornalista teria de ser lido, inevitavelmente, como merecida punição capaz de lhes abalar as estúpidas certezas. Mesmo que já haja a considerar o debate da semana passada como a exuberante revelação de quem nele se evidenciou pelo que de pior existe na sua personalidade: “o debate gerou energia, tal como, a partir de excrementos, um processo chamado “digestão anaeróbia” captura o metano e o dióxido de carbono libertados por bactérias. É uma indústria moderna e útil, o aproveitamento dos excrementos. Na política também pode ser bom, se os cidadãos toparem a sinceridade sem vergonha e/ou a mentira descarada de quem debate”.
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