domingo, 3 de dezembro de 2017

Atentados virtuais, ensaiados e concretizados

Três estórias colhidas na imprensa internacional dão-nos reflexos exemplares das inquietações atuais, sejam elas as que têm a ver com quanto se faz para ter direito a alguma notoriedade pública, as que dizem respeito ao medo enquistado de eventual atentado terrorista ou de como a lei de Murphy se continua a comprovar por muito bem preparado que esteja o putativo alvo de um atentado.

A primeira passou-se em Versalhes (França) e teve por protagonista um funcionário da Proteção Civil, que andou a colher crescente fama por se apresentar como um dos sobreviventes do atentado de 13 de novembro de 2015 no Bataclan.

Num relato vibrante ele foi acrescentando ponto a ponto ao seu conto e chegou ao pormenor mórbido de ter sido salvo por uma grávida, que havia interposto na linha de mira da arma, que lhe estava a ser dirigida. Puxando a lágrima de quem o ouvia, ele agradecia à referida vítima o ter-lhe salvo a vida.

Onde a porca torceu o rabo foi que, de entre o extenso rol de vítimas desse atentado, não figurava nenhuma grávida e analisados os dados do seu portátil o GPS dava-o como estando a trinta quilómetros do Bataclan na altura dos acontecimentos.

Resultado da tentativa de brilharete: viu-se convertido em réu de um processo judicial por tentativa de burla.

A segunda estória também ocorreu em França no comboio entre Paris e Troyes com quatro atores belgas a interpretarem um convincente ensaio da peça «Djihad» para os estupefactos companheiros de viagem. Ao chegarem à cidade de destino, onde iriam representar o espetáculo, depararam com a estação ferroviária evacuada e um impressionante dispositivo antiterrorista preparado para os capturar.

Levados para a esquadra, os atónitos belgas esclareceram ao que iam, mas a demora foi tanta, que o espetáculo previsto teve de ser cancelado. Compreenderam, porém , os perigos de suscitarem equívocos numa população, que continua à beira de um ataque de nervos, sempre na expectativa de quando rebentará a próxima bomba.

A última estória não tem final feliz, porque resultou na morte por envenenamento do irmão de Kim Jong-un no aeroporto internacional de Kuala Lumpur.

Soube-se agora que, homem prevenido, o assassinado carregava consigo o antídoto para o tipo de veneno, de que foi vítima. Ninguém o preparara, no entanto, para a rapidez com que o atentado foi executado não lhe dando tempo sequer para esboçar o recurso  ao almejado paliativo.

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