1. Se antes da privatização os CTT já estavam a funcionar com muitos problemas, suscitados pela estratégia da então Administração em reduzir-lhe os custos ao máximo de forma a torná-los atrativos aos potenciais interessados, a situação tem-se agudizado desde que perdeu o estatuto de empresa pública. Passam-se dias sem que haja distribuição de correio, que depois chega acumulado - se é que chega? - e as encomendas para o estrangeiro justificam sempre o credo na boca, porque quantas prendas para os familiares entretanto se perderam?
Esta semana soube-se que o Partido Socialista está a preparar a reversão da privatização em 2020 quando as evidências quanto ao incumprimento do contrato estabelecido for demonstrado. A tal acontecer muito teremos de nos congratular, mesmo que não baste para nos sentirmos satisfeitos: houve tantas e tão injustificadas transferências de importantes empresas públicas para interesses privados, que bem gostaríamos que tal «andorinha» significasse de facto o regresso da Primavera, traduzido noutras renacionalizações…
2. Boa notícia foi também a escolha de Lisboa como o melhor destino turístico a nível mundial de acordo com quem dinamiza globalmente essa atividade. É certo que beneficiamos de muitos fatores conjunturais, passíveis de se alterarem com a mesma rapidez com que surgiram, mas o desafio de quantos têm nisso influência, exige que transformem um fenómeno de moda numa realidade bastante mais sustentável.
3. De corporação inimputável, os juízes estão a sentir-se acossados face à indignação com muitos dos fundamentos, que vêm acompanhando um conjunto de vereditos denunciadores do tipo de preconceitos arcaicos assumidos por muitos dos seus pares. Há jubilados a assinar abaixo-assinados e a Associação Sindical também veio manifestar o desconforto. O que só nos pode congratular: era só o que faltava ver um dos mais influentes poderes da nossa sociedade eximir-se ao escrutínio da opinião pública como se os seus erros mais grosseiros continuassem a ser acatados como se de incontestáveis axiomas se tratassem…
4. O debate interno no PSD continua confrangedor: os candidatos à sucessão de Passos Coelho vê demonstrando que a passagem dos anos só lhes agravou os conhecidos defeitos sem lhes ter trazido a compensação de alguma, mesmo que débil, virtude. Compreende-se, pois, a previsão apocalítica de um deles, descrente da capacidade da duração de vida de uma organização tão envelhecida quanto envilecida.
5. A mesma decadência irreversível também parece acontecer à direita tradicional francesa, que acaba de eleger para seu novo líder um político, Laurent Wauquiez, que pouco se distingue no discurso e nos valores, da Frente Nacional de Marine Le Pen. O que não deixa de ser positivo de uma outra forma: esclarecido o equívoco de ter participado num governo dito socialista, Emmanuel Macron confirma-se indubitavelmente como o rosto definitivo dessa área ideológica, marginalizando-lhe as franjas radicais para alternativas grupusculares. Cria-se assim a fronteira a partir da qual se define quem, à esquerda, se perfilará como seu principal oponente. Jean Luc Mélanchon está a ganhar um espaço de influência eleitoral, que nunca conseguira ter até aqui, mas o Partido Socialista (de que ele já fora importante dirigente!) também precisa de renascer das cinzas. Porventura para ser parte relevante de uma maioria parlamentar, que tenha na portuguesa uma boa base de inspiração.
Sem comentários:
Enviar um comentário