quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Crimes de Estado e privados

1. Provável crime de guerra é como o que a Human Rights Watch está a  classificar o ataque a Donetsk das forças ucranianas ligadas ao regime de Kiev. Porque envolveu bombas de fragmentação, que a legislação internacional proíbe em áreas povoadas, por ter um alcance indiscriminado.
Mas será surpreendente o comportamento criminoso de um exército constituído por muitos dos que se apresentavam despudoradamente como simpatizantes nazis, quando as manifestações da praça Maidan puseram em fuga o presidente legitimo do país?
Se quem antes governava em Kiev era notoriamente corrupto, quem lhe tomou o lugar não dá mostras de ser melhor… E a Europa metida num saco de gatos, onde as perdas são bem mais garantidas do que os eventuais ganhos dali provenientes...
2. Às vezes pode-se acreditar em algo, que tantas vezes tem sido desmentido: que a Justiça tarda, mas acaba por chegar. Que o diga cristián labbé, um dos colaboradores mais próximos de Pinochet, agora acusado de homicídio, rapto, tortura e associação ilícita num processo que investiga o assassinato de treze presos políticos durante o período da ditadura militar.
Na América Latina os que lideraram e colaboraram nos crimes praticados à conta da sinistra Operação Condor não podem estar particularmente descansados.
3. Em muitos países a natalidade está a constituir um problema tão sério, que leva os governos a estudarem e a proporem soluções para o superarem. Vide a campanha recentemente lançada por passos coelho. Mas querendo ignorar o óbvio: cada vez mais a selvagem exploração capitalista, que se tem traduzido na precarização dos empregos e na redução dos direitos fundamentais de quem trabalha (a suposta “flexibilização”) está na origem do problema. Como se comprova com a nova-iorquina de 39 anos, a contas com uma gravidez de alto risco, e despedida da fábrica onde trabalhava por não conseguir fazer horas extraordinárias.
Só devido à má publicidade que enfrentou quando a imprensa denunciou o caso, é que o empregador voltou atrás na sua decisão e readmitiu a operária. Por quanto tempo? Provavelmente só enquanto a atenção da opinião pública mantiver o caso sob observação coletiva!
A desumanidade revelada por este sistema económico demonstra a urgência de lhe apressar o óbito.
4. Dos Estados Unidos chega igualmente um estudo eloquente sobre a questão da facilidade com que os cidadãos podem comprar uma arma apesar de casos mediáticos de grandes chacinas causadas por atiradores sem nenhum conhecimento direto com as suas vítimas. Assim, desde setembro de 2011 os casos de «mass shootings» triplicaram passando de um em cada 200 dias, para um ritmo de 1/64.
Barack Obama bem terá tentado contrariar aquilo que  a influente National Rifle Association considera um direito legítimo e constitucional. Ora, tendo em conta que, eleitoralmente, rende votos apostar na defesa do status quo atual, bem podemos concluir que muitos massacres ainda deverão ocorrer até a opinião pública norte-americana se convencer da necessidade de travar um fenómeno em progressivo agravamento.

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