segunda-feira, 13 de outubro de 2014

Os ricochetes da austeridade!

1. Vão passando os dias e torna-se cada vez mais evidente a degenerescência irreversível deste governo. Cumprido o papel, que aceitou tão voluntariamente desempenhar - privatizar quase tudo quanto pudesse alimentar a ganância dos interesses privados, destruir o mais possível o Estado Social e retirar tantos direitos quantos os possíveis a quem trabalha - parece um barco à deriva, que vai dizendo uma coisa e o seu contrário à espera de assim melhor confundir os eleitores e limitar os danos de tudo quanto de inesperado lhe está a surgir e já não consegue escamotear.
2. Os problemas na Justiça e na Educação, o caso Tecnoforma e tudo quanto for possível apurar na Comissão Parlamentar sobre o BES devem estar a desesperar os titereiros de passos coelho e de paulo portas, que terão sérias reservas quanto à possibilidade de sustentabilizarem todos os ganhos conseguidos nestes três anos. É que, com um governo liderado por António Costa, nem o fervor pró-patronato de quem está à frente da UGT deverá bastar para que se restabeleçam alguns dos equilíbrios recentemente perdidos entre o fator capital e o fator trabalho.
3. Os tempos também não se adivinham fáceis para os mandadores germânicos e finlandeses do ainda atual governo. Já não lhes bastava Draghi andar a contrariar tudo em que Schauble acredita, nem Rienzi a exigir crescimento dia sim, dia sim, lá lhes aparece o governo socialista francês a querer parecer-se com essa designação batendo o pé a quem lhes exigia doses reforçadas de austeridade. Mas o pior, que quer finlandeses, quer alemães, podem esperar é o ricochete das suas políticas na frente interna: em Helsínquia lambem-se as feridas pela desqualificação anunciada pelas agências de rating, enquanto em Berlim tocam os alarmes pelas notícias crescentes da imprensa segundo a qual a fachada de eficiência e de competitividade esconde uma realidade bem mais comprometedora, capaz de fazer acompanhar a atual recessão de uma séria crise de efeitos imprevisíveis.
4. Até pelo facto de ter a direita a querer-lhe apontar com tudo quanto de negativo possa acontecer em Lisboa, faço votos para que António Costa reaja assertivamente aos problemas desta tarde com a inundação de muitas zonas de Lisboa, até por constituir uma recorrência da verificada algumas semanas atrás. Se é certo que as televisões mostram como estes casos ocorrem em circunstâncias excecionais um pouco por todo o mundo, será conveniente reparar rapidamente as bombas de esgoto capazes de agilizarem o escoamento das águas e identificar soluções exequíveis para as já bem conhecidas fragilidades dos sistema de esgoto das águas pluviais. O silêncio só daria armas de arremesso aos que não merecem aproveitar-se de tais argumentos.


Sem comentários:

Enviar um comentário