quarta-feira, 29 de junho de 2022

Alguns comentários sobre o que li no jornal da Sonae

 

1. 92% dos pilotos da TAP votaram para que não se fizesse greve nesta altura do verão, quando importa dar possibilidades reais a que o plano de recuperação da companhia se concretize. O que levou Manuel Carvalho a constatar ter prevalecido o bom senso e ter-se evitado um ultraje aos portugueses.

2. Numa abordagem ao recente reconhecimento da Ucrânia, da Moldova e da Geórgia como candidatos à adesão à União Europeia, o secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Tiago Antunes, confirma o pouco entusiasmo, que a hipótese suscita em quem tem uma noção do que isso verdadeiramente significa: na sua organização atual e moldes de financiamento, a UE não tem condições para abarcar esse alargamento, havendo que fazer o necessário para evitar o ressentimento dos que sentirão defraudadas as suas expetativas.

3. Tem razão Domingos Lopes, quando, a propósito da guerra na Ucrânia, afirma: “os que não aplicaram uma mera censura aos EUA pela invasão e mortandade no Iraque aplicam agora as mais duras sanções à Rússia, as quais estão a atingir duramente os povos da Europa e sobretudo da África.”

É que as cenas tão abundantemente hoje emitidas pelas televisões em nada diferem das causadas pelos bombardeamentos americanos no Iraque. Com um número de vítimas mortais muito superiores às que se contabilizam no atual palco de guerra. E, na época, ninguém sancionou os EUA pelo sucedido nem convidou Saddam Hussein - enquanto líder de um país invadido por razões falsas - a discursar em nenhum fórum internacional.

4. Vale-nos Carmo Afonso para sabermos que o Observador anda a publicar artigos de opinião de um tal Lucas Claro que, a propósito da emigração de gente pobre para Portugal, o leva a repetir aquilo que os nazis europeus andam ignobilmente a difundir: que existe o risco de uma “grande substituição” na tez maioritária de quem, daqui a pouco, habitará este cantinho à beira-mar plantado.

Num dos mais inspirados trechos da sua crónica a autora constata uma evidência lapidar: “reparem que aqueles que se consideram a pura representação dos nossos genes portugueses não são pessoas particularmente beneficiadas pela inteligência. Imaginem um país onde predominassem pessoas como o autor do artigo em causa. É que mesmo sem saber quem é, ou o que faz, deve temer-se o pior.” 

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