O regresso dos debates entre o Governo e a Oposição no hemiciclo parlamentar confirmou, uma vez mais, a diferença abissal entre a consistente Visão de contexto e de futuro de António Costa e a dos que o contestam, tanto mais evidente que a relevância numérica atribuída pelos portugueses aos mais recentes partidos das direitas não significou qualquer acréscimo na respetiva qualidade argumentativa. Todos nos lembramos da histeria polifónica de Assunção Cristas e Cecília Meireles, mas quase dá para delas ter saudades, quando ouvimos a demagogia abaixo de medíocre ali debitada por Ventura e seu lugar-tenente par(a)lamentar. E se Cotrim de Figueiredo ainda consegue mostrar alguma elegância a disfarçar a insidiosa perfídia do que fundamenta os seus propósitos, que dizer dos que lhe tomaram o lugar nas intervenções seguintes? Tudo ali é, igualmente, de uma confrangedora pobreza.
Restam as esquerdas depauperadas, ainda a lamberem as feridas do inacreditável erro, que cometeram no final do ano passado e tardam em assumir. Jerónimo de Sousa parece ainda mais velho e cansado e Paula Santos não mostra ter unhas para tocar uma guitarra, que João Oliveira ia tangendo com outra qualidade. E Catarina Martins também não capta a atenção, porque parece sair da pele de atriz para assumir a de triste fadista entregue ao fatalismo de nada conseguir mudar e só lhe restar a indignação com a própria impotência.
Resta um PSD, que se põe na figura existencial de não saber quem é, embora adivinhemos que, sem Rio, mas com Montenegro, serão aqueles que hão-se ser sempre os mesmos conservadores da desigual relação de desigualdade entre os que são seus titereiros e todos os demais, porque ninguém se torna no que não é. E quanto ao PAN e a Rui Tavares pouco haverá a acrescentar embora o último pareça o provedor da causa zelenskiana sem ponderar nos custos, que já sentimos nos bolsos e ainda mais, quando a União Europeia para lá sangrar boa parte do orçamento e por isso mesmo mais caminhar para a implosão.
Ao fim de mais de três horas de debates reconhecemos o que tem sido regra invariável desde que António Costa é primeiro-ministro: convence-nos quanto a saber bem aquilo que quer, enquanto todos os que se lhe opõem passam, entre o embaraçoso e o inconveniente, pela via sacra da sua indisfarçável vulgaridade.
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