terça-feira, 21 de junho de 2022

É só inquietação, inquietação...

 

A única certeza com que entramos neste 21 de junho é a do início do verão com o solstício às dez e um quarto da manhã. Sabemos, igualmente, que este será o dia mais longo do ano, com a claridade a minguar a partir daqui até virar o ciclo em dezembro.

Desconhecemos, por exemplo, quanto tempo durará esta crise feita da inflação galopante, que nos esvazia os bolsos, e provocada por uma guerra que, dos dois lados da contenda, muitos previram curta, mas ameaça prolongar-se muito para além do tempo em que, saída das capas da imprensa escrita e da abertura dos telejornais, vai perdendo interesse e levará a que, daqui a pouco, quase mal nos lembremos dela ... a não ser pelos efeitos económicos, que continuarão a condicionar-nos.

É esse desconhecimento a limitar a ação de um governo, que muito apostava no Plano de Recuperação e Resiliência para cumprir o seu programa e afinal, a exemplo do sucedido no tempo da geringonça e, depois, no da pandemia, a viver em função do curto prazo. 

O mesmo sentirá Emmanuel Macron com a insuficiente vitória deste fim-de-semana, que anuncia o princípio do fim de mais uma dessas comuns e hábeis estratégias das direitas em tomarem o poder a partir do campo socialista - aconteceu com Blair, com Matteo Renzi e ameaça repetir-se em Inglaterra com Keir Starmer - mas com a esquerda ainda fraca, mesmo a reaprender a lição quanto à vantagem de convergir para potenciar a força e preparar futuro à medida do exigente combate contra uma extrema-direita, que voltou a progredir eleitoralmente e está a pedir meças a quem a quer devolver à chafurdice do seu redil imundo.

E fica-nos a expetativa quanto à a nova experiência de esquerda que a Colômbia agora inicia, com a eleição do presidente Gustavo Petro. Uma vez mais a América Latina volta a sinalizar caminhos novos para quem pretende um planeta mais justo e sustentável, ademais contando com a personalidade da vice-presidente Francia Mina que, além de negra, é empenhada ativista ambiental.

Começamos este inquieto estio com motivos para ficarmos atentos às realidades geograficamente dispersas, que nos afetarão aquela que deveria ser a mansidão dos dias de férias na praia.

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