sexta-feira, 1 de julho de 2022

À espera da maré-cheia!

Que forrobodó foi o de ontem para a direita jornalística e para os comentadores por ela avençados, que se atiraram como gato a bofe a Pedro Nuno Santos sobre cujo futuro político se apressaram a redigir umas quantas notas necrológicas. Sem cuidarem de entender que, a exemplo do em tempos sucedido com Mark Twain, essas notícias pecarem por basto exageradas.

Quem me conhece sabe que sou um pedronunista assumido. Não ando cá para enganar ninguém e ainda espero viver o bastante para o ver como futuro primeiro-ministro. Mesmo que, ainda tarde em digerir o apoio a uma candidata à presidência da República, que jamais me passaria pela cabeça apoiar.

Uma das principais características, que me agradam no atual Ministro das Infraestruturas é o aprofundado conhecimento dos dossiers e a capacidade para decidir. Talvez seja essa a razão porque António Costa não possa dele privar-se porque, mesmo tendo-o destratado indecentemente, também sabe não contar no elenco governativo com quem se lhe iguale em competência. Por muito que o feitio de Pedro Nuno o incomode, adivinha o quanto ficaria a perder se dele prescindir.

Na longa vida profissional soube bem o quanto isso significa. Porque é sempre mais fácil encontrar quem não faz nem deixa fazer, do que, contra ventos e marés, não pensa noutra coisa.

Sabemos bem como, seja na questão do aeroporto, seja em muitas outras, tem prevalecido a vontade em adiar decisões a pretexto de necessidade de estudos disto e daquilo (ui! então se pensarmos naqueles que se dizem líderes dessa coisa abstrusa, que são os “movimentos ambientalistas”, nada se faria pelas mais absurdas razões!), apesar de não faltarem quantos esclarecem as mais insidiosas dúvidas de quem quer que as coisas sempre fiquem como estão e não mudem para quanto poderão ser melhores.

O auto de contrição de Pedro Nuno também comprova a sua inteligência: sabendo serem mais as marés que os marinheiros, não desconhece que o mundo dá muitas voltas e aquele que se vê momentaneamente achincalhado por gente medíocre, acaba por ver reconhecido o valor e, magnanimamente a trata-los com proba dignidade, quando lhes ficam sob a alçada.

Também a longa carreira profissional me deu provas concretas desse inevitável separar de águas entre os que têm qualidades admiráveis e os que, conjunturalmente as não têm. Por isso olhei com comiseração para quem se sucediam nos telejornais a acusar o ministro de incompetente quando se vai a ver e não se lhes conhece obra - nem uma que seja! - merecedora da nossa admiração.

Muitos até esfregavam as mãos de contentes por, neste fim-de-semana, Luis Montenegro ter alguma coisa que dizer aos congressistas do seu partido, quando por eles for entronizado como líder de circunstância. Mesmo nele se adivinhando lapidar exemplo de fraudulento explosivo falho de pólvora.

Pedro Nuno até pode ter conseguido o perverso efeito de ajudar António Costa nesta matéria. Porque, ao reiterar, com o suporte de Marcelo, que o PSD se agregue à melhor decisão quanto ao novo aeroporto, como poderá Montenegro escusar-se a pretexto de se tratar de matéria apenas do foro do governo? A repeti-lo, poderão os socialistas reclamar que bem quereriam decisões consensualizadas por maioria qualificada, que será a oposição a delas se escusar. E António Costa surgirá como bailador, disponível para dar palco a quem com ele aceite dançar o tango, mas sozinho perante não haver quem tenha arte para disfarçar a ridícula vulgaridade.

Uma nota final para, apesar de tantos especialistas em obstetrícia  e ginecologia da véspera se terem reciclado subitamente em especialistas das questões aeroportuárias, ninguém ter contestado como inadequada a solução final por Alcochete, à qual o próprio Pedro Nuno aderiu após muito estudo do que estava em causa. E todos quiseram esquecer o forte argumento do ministro para avançar depressa e bem: os muitos milhões, que o país se arrisca a perder em receitas turísticas enquanto procrastinar por mais umas décadas a inauguração do novo aeroporto.

2 comentários:

  1. Apoiado! O Pedro é um grande ministro,competente e sério.

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  2. Creio ter sido uma manobra para entalar o Montecoiso! A comunicação do costume declarou crise
    no Governo e, o Presidente Celito partiu para o Brasil, os parvalhões vão apresentar uma moção
    de censura irão???

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