domingo, 10 de julho de 2022

Porque não nos admiramos com o que acontece?

 

Porque não nos admiramos com a insurreição popular no Sri Lanka ou com o assassinato do ex-primeiro-ministro japonês Shinzo Abe? Ambos os acontecimentos podem refletir a irracionalidade dos que os perpetraram, mas correspondem a uma relação causa-efeito entre o que os fundamentou e a forma como se expressaram.

No caso do sucedido no país asiático, e muito embora, haja a considerar tudo quanto sucedeu nas décadas mais recentes com o aniquilamento das antigas guerrilhas tâmil, a gota de água a extravasar o copo tem origem na guerra entre a Ucrânia e a Rússia e o consequente aumento dos combustíveis e dos alimentos no mercado internacional. Nesse sentido fazem-se apostas quanto a quem se seguirá, porque outros povos, sobretudo em África e na Ásia, passam pela mesma falta de tudo quanto é básico para a sobrevivência.  Uma vez mais o ocidente verá posta à prova a sua política de sanções e o quanto ela acaba por causar mais males do que benefícios.

No caso do político japonês ninguém esquece o seu papel no abandono da política pacifista imposta depois da Segunda Guerra Mundial e o quanto a consequente militarização se fez acompanhar de políticas de despudorado capitalismo selvagem, que atira para as margens da delinquência ou do mero abandono quantos a ele não se conseguem adaptar.

Nenhuma admiração causa internamente o posicionamento de Luis Montenegro que vem para desfazer tudo das políticas socialistas quanto estiver ao seu alcance, escusando-se a mudanças entendidas como fundamentais para diluir muitas das desigualdades existentes entre as regiões do país. Ademais, se António Costa estiver à sua espera para decidir onde construir o novo aeroporto bem pode esperar sentado, porque o novo/velho líder não se compromete com nada. Com os seus botões o primeiro-ministro sentirá que Pedro Nuno tinha sobejas razões para publicar o despacho, que tanta polémica causou.

Talvez por tudo isto uma das mais veteranas jornalistas do «Público», São José de Almeida, reconhece que Marcelo iniciou esta legislatura com entradas de leão, quando deu posse ao governo, mas os acontecimentos, e sobretudo, quem tem à frente do seu próprio exército para enfrentar os socialistas, refreiam-lhe a má vontade. Daí que se detete uma insólita acalmia no relacionamento entre Belém e São Bento... 

Sem comentários:

Enviar um comentário