sexta-feira, 8 de julho de 2022

Cem dias depois

 

1. Cem dias de governo cumpridos esta sexta-feira e há quem teça considerações sobre a escassez de decisões bombásticas neles ocorridas. Pelo contrário, com os efeitos causados pela guerra na Ucrânia e os decorrentes de uma pandemia ainda anda por aí, todas as notícias convergem para o estado das coisas no SMS, nos hospitais ou nos aeroportos, para além dos incêndios agora a ganharem prioritária relevância nas notícias. Não deixando de manter em banho maria o diferendo entre António Costa e Pedro Nuno Santos.

Como balanço não vejo motivos para pôr em causa a confiança que lhe demonstrei com o meu voto. Porque, olha-se à volta, à esquerda e, sobretudo, à direita, e tudo aquilo é uma galeria de horrores evidenciada nos debates parlamentares, ou na recente rejeição de uma moção de censura, que o era sobretudo entre campos ideológicos afins.

Mas devo reconhecer que me sabe a pouco e quero mais. Espero que, vencidas as contrariedades mais candentes, este elenco governativo consolide o legado e continue a ser absolutamente inamovível quando os portugueses voltarem às urnas e ponderarem nos ganhos e perdas do conseguido com a sua ação.

Quase sete anos depois continuo a confiar na liderança de António Costa. E na que espero que lhe sucederá!

2. Pelo contrário Boris Johnson só não sairá de cena ostensivamente achincalhado, porque é demasiado trampolineiro para disfarçar de supostos sucessos o que é uma acumulação de derrotas pessoais. A principal é nada ter feito para reduzir uma crise económica, que se agudiza progressivamente numa Inglaterra a contas com as consequências do Brexit. Nesse sentido os colegas conservadores até lhe farão um favor ao abreviarem-lhe o confronto da realidade com a sua reconhecida incompetência, porque caberá a outro o palco de uma tragédia com condições para enegrecer a olhos vistos. E não deixa de ser elucidativa a suposta razão porque, demitindo-se, Boris Johnson quer manter-se no cargo mais uns meses: para ter casamento numa das residências oficiais ao seu dispor como primeiro-ministro e viver o inócuo glamour, que a sua tonta cabeça gosta de protagonizar.

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