Da peça atualmente em cena no Teatro Joaquim Benite em Almada fica esta questão, que motiva quem olha para o tempo presente e o vê contaminado por ruídos múltiplos, disseminados a partir das redes sociais, mas também das televisões a funcionarem de acordo com a lógica pretendida pelos anunciantes ou pelos seus donos, afastando para incomensuráveis distâncias aquilo que deveria ser a prioridade de todos quantos vivem neste planeta: como mantê-lo habitável para as próximas gerações se o sabemos incompatível com o modo capitalista de exploração dos seus recursos e condenado a muitas Ucrânias tão-só se vão agravando as desigualdades entre quem quase tudo tem e os que dividem as migalhas remanescentes. Porque no Cáucaso, na Península Arábica, no Corno de África ou na Caxemira estão em causa as agudizações das lutas de classes, escamoteadas em ilusões nacionalistas, amiúde abertamente racistas, com os humilhados e ofendidos a expressarem-se de acordo com o que pior sobrevém das suas frustrações.
Para quem adota perspetiva distanciada do que se passa à superfície do planeta não sobram dúvidas quanto às prioridades a afinar para assegurar a continuidade do seu expressivo azul. Mas não falta quem nos distraia com quanto quem nos olhar do futuro considerará termo-nos deixado guiar por tontos irresponsáveis.
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