1. Cegos, surdos e mudos anda muita gente, que continua a analisar os acontecimentos internos e externos de acordo com uma grelha, que apenas leva em conta os secretos desejos e esquece o que os possam pôr em causa.
2. Por exemplo a próxima liderança do PSD que está disposta, mais ou menos acobertada pela hipocrisia do indisfarçável calculismo, a chegar ao poder com a bengala do Chega. Luís Montenegro não conseguiu disfarçar esse projetado conluio e Jorge Moreira da Silva denuncia-o com a escolha da bastonária dos enfermeiros para sua mandatária nacional, quando a sabe próxima de André Ventura.
Na crónica do «Público», Carmo Afonso conclui que se “nas últimas eleições os portugueses mostraram que não aceitam ter um governo viabilizado por um partido com as características do Chega” só pode constatar-se que, no principal partido da direita, “alguém está surdo”.
3. Afinal a corrida desenfreada do ocidente para uma vitória total contra a Rússia começa a encontrar inesperados obstáculos e, muito curiosamente, graças a ditaduras com que tem pactuado nos anos recentes nunca tomando contra eles as medidas, que lhe estariam ao alcance para dificultar os sucessos enviesadamente eleitorais, que têm multiplicado. De facto, quer a Turquia de Erdogan, com a obstrução à entrada da Suécia e da Finlândia na NATO, quer a Hungria com a desaprovação do sexto pacote de sanções contra Moscovo, demonstram a perversidade das contradições europeias quanto à forma como encaram diversamente as ditaduras de acordo com os seus interesses imediatos e não os de médio e longo prazo.
4. A assumpção da derrota ucraniana em Mariupol traduziu-se na rendição dos militares no complexo Azovstal e no seu envio para a retaguarda da frente russa. Não houve, pois, resgate à chucknorris como alguns pretendiam, nem a garantia que a acusação de neonazis não os faça incorrer em penas pesadas senão mesmo capitais. O entusiasmo de alguns pelo heroísmo do batalhão Azov deve ter arrefecido momentaneamente: isto de ir à guerra implica o inevitável dar e levar.
5. Nove milhões de pessoas morreram em 2019 por causas atribuídas à poluição, segundo um estudo da revista The Lancet Planetary Health.
Feito um parêntesis às causas ecologistas por obra e graça da pandemia e da guerra na Ucrânia, só podemos concluir que a sua urgência apenas se agrava.
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