segunda-feira, 30 de maio de 2022

Luis... quem?

 

1. Que coisa mais estapafúrdia foi o discurso de um tal Luís, agora a liderar o maior dos partidos de direita de oposição ao governo.

É certo que daquela cabeça nunca se vislumbrou ideia minimamente consistente resumindo-se as suas pretéritas intervenções parlamentares a meros exercícios de retórica próprias de um cinzento advogado de barra de tribunal. Na altura a troika punha, o governo dispunha e o referido Luís servia-lhe tão só de câmara de eco.

Que os tempos não lhe trouxeram novos atributos pensantes demonstrou-o agora quando nem sequer quis ouvir falar da hipótese de um debate direto com o rival e ao deixar implícita a vontade de juntar trapinhos com o Chega como forma de arredar do poder os atuais ocupantes. Que neles tenha visto «socialismo» é coisa que nem os mais decanos militantes do mesmo (o meu caso!) conseguem divisar naquilo que é uma política ao centro, nem enfeudada de mais aos aspirantes a novos donos disto tudo, nem totalmente contrária aos que a eles precária e mal remuneradamente se submetem.

Que nem os militantes laranjas com quotas pagas se interessaram pelo assunto demonstra-o os 40%, que nem sequer se deram ao trabalho de botar o votinho num dos dois candidatos. O que pressupõe quão efémera será esta chamada à frente de cena num espetáculo político para que o sabemos pouco talhado.

2. Crescimento do PIB em 11,9% no primeiro trimestre do ano, com subidas notórias nas importações (27,4%) e nas exportações (16%), depois de excluídos os combustíveis. Eis números, que animam justificadamente quem apoia este governo. Embora o aumento do défice na balança comercial alerte para a impossibilidade de a manter tão desequilibrada quanto agora se revela.

3. Numa altura em que a Rússia está a somar ganhos militares e territoriais no leste da Ucrânia, Jorge Almeida Fernandes chama a atenção para as palavras confiadas por Andrey Kortunov ao The Economist: “O Ocidente tem falta de recursos materiais e políticos para forçar uma derrota esmagadora de Moscovo na Ucrânia e impor a sua variante de acordo de paz. O que está em jogo para a Rússia é muito mais do que para o Ocidente e a sua disposição para a escalada é maior do que a dos seus adversários”. Daí que todas as previsões relativas a uma inevitável derrota de Putin tenha muito de wishful thinking sem correspondência com quanto se passa na realidade.

4. Nesta altura os palestinianos lamentarão não usufruírem de tanta simpatia quanto os ucranianos. Rachid Khalid, que é professor na Universidade de Columbia, lembra que subsiste em Israel uma forma de apartheid em que a lei é aplicada com toda a veemência quando a vítima é judia, mas fica ignorada, quando é esta última a agressora.  Para a Europa tão lesta a sancionar os russos, nenhuma hipótese há de ser Telavive a pagar as custas daquilo que ele qualifica de “colonialismo de povoamento”.

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