A crónica de Manuel Loff, hoje inserida no «Público», traz-nos dados interessantes para refletirmos sobre o quanto estamos a ser embalados por um discurso equívoco quanto à necessidade de investirmos mais no Orçamento da Defesa sem que a razão (compreensível!) passe por melhor remunerar quem trabalha na vertente pública desse setor.
António Costa por um lado, mas sobretudo Marcelo por outro, um para parecer consonante com o discurso politicamente correto europeu nesta altura, o outro porque, sempre se inflama com a tutela sobre os militares, têm-nos dado mostras da intenção de contribuirmos com mais dinheiro dos nossos impostos para socorrermos a Nato e o Pentágono nas suas estratégias belicistas.
Assim:
- “ao contrário do que por aí circula, [Portugal é] o 5.º país da UE com proporcionalmente mais gasto militar: 2,1% do PIB em 2021, 4% da despesa pública de 2020 (dados do incontestado Stockholm International Peace Research Institute), acima portanto do que a NATO quer”;
- “a política militar da UE serve para, com muito pouca (ou nenhuma) transparência, alimentar um verdadeiro oligopólio de cinco grandes empresas (Airbus, Leonardo, Indra Sistemas, Dassault e Thales) que beneficiam de 75% do investimento militar da UE, em fase de aumento exponencial: 90 milhões de euros em 2017-19, 500 milhões em 2020, 7,9 mil milhões aprovados em 2022”;
- fundos americanos são acionistas relevantes de todas estas megaempresas europeias e, simultaneamente, das “empresas rivais americanas na indústria de armamento”;
Acresce, enfim, que o atual secretário de Estado da Defesa, Marco Capitão Ferreira é, há muitos anos - ainda antes dos medos sobre os “russos virem aí”! - um conhecido defensor das parcerias entre os setores público e privado daquilo que Eisenhower alertou como o complexo militar-industrial capaz de pôr em causa a Democracia.
Se estes são factos que merecem a nossa ponderada consideração não sei que outros, mais pertinentes, merecem sê-lo!
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