segunda-feira, 16 de maio de 2022

It’s the capitalism, stupid!

 

Nem pelo facto de ter batido com os burrinhos na água quando aderiu, sem reservas, à tese de Francis Fukuyama sobre o fim da História (que o próprio acabou por renegar!), ou das muitas vezes em que anunciaram a definitiva rendição do quintal das traseiras dos norte-americanos - a América Latina! - aos seus interesses, as direitas são incapazes de olharem para a realidade política com a devida honestidade e lucidez. Por isso louvam o adiamento da morte anunciada da NATO como se tivessem ganho o jackpot no Euromilhões, enquanto não perdem uma única oportunidade para humilharem aquele que é, e continuará a ser, o maior país do planeta e donde muitos dos recursos naturais, que não podemos dispensar para mantermos o conforto ocidental, continuarão a ser imprescindivelmente importados.

Putin pode, e deve, ser afastado, mas a humilhação por que passa a nação russa perdurará nas décadas vindouras e não se anuncia benfazeja para quem a tem por vizinha. Até porque quem com ela mais lucra - o imperialismo norte-americano - nunca tem sido particularmente generoso para com os que se mostram tão subservientes aliados.

Porque há mais marés que marinheiros, há que temer os efeitos da que se seguirá e nos poderá arrastar para consequências, que nos levarão a analisar este momento histórico e repetir aquilo que outros, no passado, também concluíram: quantas ilusões desfeitas à conta da humilhação de um império para que outro, não menos decadente, se mantenha à tona mais algum tempo. E, no entretanto, os mais atlantistas como Teresa de Sousa, no «Público», revela-se assustada com a possibilidade de sucesso da Gerigonça francesa contra as ambições do político de direita, que acaba de ser reeleito para o Eliseu. Lamentando que a velha guarda do Partido Socialista tenha perdido a pugna interna perante os militantes mais jovens, que se reconhecem na urgência de ressurgir a esquerda a partir da união de todas as suas correntes de expressão. De facto, entre os políticos convencionais e a juventude apostada na defesa dos velhos princípios, mas com novas roupagens e estratégias, o futuro aponta para algo muito diferente daquilo que atualmente existe e constitui a ilusória estabilidade pretendida pelos que apenas querem o impossível: dar algum alento a um sistema económico que está a romper pelas costuras... 

Sem comentários:

Enviar um comentário