1. Marcelo continua a fazer das suas e, se julga fragilizado o governo, sobe-lhe o instinto predador dos felinos, não se coibindo de tentar que os seus dentes aferroem a suposta presa: na mesma semana em que os resultados autárquicos e as críticas de Pedro Nuno Santos ao Ministério das Finanças possam ter feito António Costa vacilar, optou por desautorizar o governo a propósito das alterações no comando da Marinha.
Sem medo de enfrentar o ataque, o primeiro-ministro e o ministro da Defesa fizeram-se anunciar em Belém para porem os pontos nos is. Que a reunião não terá corrido bem a Marcelo demonstra-o o lacónico comunicado. Prudente, Costa permite a Marcelo salvar a face, mas não deixará de, atempadamente, avançar para aquilo que já decidiu. Tanto mais que o ainda atual CEMA já confessou desconforto com a legislação recentemente aprovada na Assembleia da República não fazendo sentido que desempenhe o cargo com tão intima frustração.
2. É escandalosa a fuga de João Rendeiro para parte incerta? Claro que é enquanto demonstração de uma justiça forte com os fracos, mas assumidamente subserviente com os mais abastados. Durante anos símbolo de um tipo de empreendedorismo, que se ufanava de ter um toque de midas (o título do livro autoencomiástico publicado na mesma semana em que faliu!), o banqueiro é agora um estorvo mediático para as direitas no seu todo e os ultraliberais em particular, que veem revelada a face mais bisonha das suas ideias fora de prazo. E cabe questionar a SIC quanto a ter como cabeça-de-cartaz um advogado, José Miguel Júdice, que foi cúmplice de toda a estratégia do cliente para escapar à merecida punição.
3. Jerónimo a afiançar que o PCP não fará alianças a nível autárquico, mas João Ferreira a avançar a hipótese de apoiar medidas que Moedas quiser aprovar em benefício dos lisboetas? Em que ficamos? Apoia ou não apoia? Tem ou não sentido a proposta de Catarina Martins para que a geringonça bloqueie a ação da direita à frente dos destinos da capital?
No fundo acredito que nem o PCP será muleta de Moedas, nem este verá facilitado a sua ação pela maioria da esquerda prevalecendo o conselho de António Costa para que deixe este primeiro milho para os pardais. Porque nem Moedas, nem já agora o novo edil de Coimbra, têm programa próprio, que dispense os favores do orçamento nacional. É mais acima, na relação entre as autarquias e o governo, que se definirá se têm ou não arte para tocarem a viola que quiseram empunhar. E adivinha-se-lhes pouco talento para tanto. Transportes públicos de borla ou mais baratos para os lisboetas? Pois que seja a edilidade a pagar essa subsidiação, que o resto do país não tem nada que financiar! Uma nova maternidade para Coimbra? Pois! Mas estava no programa do PS, que passou à oposição, não foi?
Adivinham-se plangentes coros de carpideiras em prol das mortes anunciadas de tão vistosas vitórias, sujeitas a redundarem em pírricas consequências...
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