terça-feira, 21 de setembro de 2021

Ter ou não ter (Visão) eis a questão

 

Desde junho de 2014 que António Costa distinguiu-se da concorrência interna dentro do PS e, sobretudo dos seus oponentes de direita por ter aquilo que eles nem sequer sonhavam necessária: uma Visão para o país. Enquanto Passos & Cª tinham habituado os portugueses a uma navegação à vista balizada pelas orientações da troika o então candidato a secretário-geral do PS demonstrou saber muito bem donde vinha e para onde queria ir. O trabalho de uma quinzena de  economistas com que, depois, fundamentou os objetivos para a década seguinte, fizeram-no surgir na campanha eleitoral do ano seguinte com um conjunto muito coerente de propostas, que explicam o seu êxito, mesmo que a intensíssima campanha de desinformação, somada à ajuda do Ministério Público e de alguns juízes ao tornarem José Sócrates num tema diário dos telejornais, só possibilitasse essa vitória com a entusiasmante concertação de uma nova maioria parlamentar.

Nos sete anos entretanto decorridos António Costa sempre tem corroborado essa ideia de enxergar qual a direção adequada para acelerar o avanço da sociedade portuguesa. Apesar dos incêndios terríveis de 2017 ou da pandemia deste último ano e meio, os objetivos mantêm-se apesar de aferidos pela força dos acontecimentos. E o Plano de Recuperação e Resiliência mais não é do que a continuidade dessa ininterrupta preocupação em olhar para os erros do passado e as contingências do presente, superando-as num projeto destinado a garantir uma economia mais competitiva e sustentável, capaz de criar uma comunidade menos desigual.

Olhando-se para os cabeças-de-cartaz dos vários partidos das direitas não se encontra neles uma tal capacidade: as suas receitas cheiram a mofo por se mostrarem avessos a perceber quão obsoletas estão as premissas ideológicas em que insistem em se formatar. Algo que, infelizmente, também se verifica mais à esquerda onde os tacticismos imediatos desprezam os ganhos de médio e longo prazo.

Quando acusam António Costa de só falar do PRR os seus opositores sabem que estão a reconhecer a sua menoridade estratégica: porque ele continua a bater-se por essa Visão ambiciosa de um futuro melhor para todos, algo que nenhum dos rivais consegue contrariar com exequível alternativa. 

Sem comentários:

Enviar um comentário