1. Olhando a posteriori para as exéquias de Jorge Sampaio só dei por dois juízos críticos à figura do antigo presidente, quase unanimemente reconhecido como um homem bom e uma enorme capacidade para estabelecer pontes. Só António Barreto e Joaquim Aguiar não conseguiram disfarçar o azedume, que a sua superioridade moral e intelectual lhes suscitava. Poderiam ter optado pelo silêncio e assim se poupariam àquilo que deles já sabíamos: são personalidades indispostas consigo mesmas por tão poucos lhes reconhecerem a importância de que se julgam merecedores. As opiniões, que emitiram, muito disseram sobre eles próprios.
2. Uma sondagem europeia demonstrou que, atrás dos luxemburgueses, dos dinamarqueses, dos finlandeses e dos neerlandeses, os portugueses são os que mais acreditam na capacidade do seu governo em aplicar judiciosamente os dinheiros da bazuca europeia. Essa confiança intimida as direitas, que temem-se ver afastadas das decisões sobre a sua implementação e de nada servirem para os titereiros das associações patronais, que lhes financiam as atividades políticas. A irrelevância torna-se tão provável que, sem deixarem de se posicionar para sucederem a Rui Rio, diversos nomes do PSD, admitem só avançar depois das autárquicas, esperançados em que o seu ainda líder tenha maus resultados suficientes para ser obrigado a lançar a toalha ao chão, mas que o Partido Socialista não arranque um tal sucesso, que os mantenha na sombra.
Para já vão fazendo o possível por relativizarem os excelentes indicadores sociais e económicos, que o INE vai publicando tendo, ao mesmo tempo, a colaboração interesseira do bufão de serviço - Ricardo Araújo Pereira - que vai fazendo do primeiro-ministro e dos seus ministros os bombos da festa das suas piadas cada vez menos inspiradas.
3. Interessante a leitura pertinente de São José Almeida que, no «Público», considerou a notícia do «Expresso» de há semana e meia sobre os palpites de Marcelo Rebelo de Sousa a respeito do futuro de António Costa, o mais grave ataque do presidente contra quem governa: “o que não é legítimo e é mesmo extraordinário, do ponto de vista político, é que o Presidente da República produza afirmações que fragilizam o primeiro-ministro no exercício da chefia do governo. Tratou-se de um ataque político claro, de uma tentativa de condicionamento da vida política que não deveria ter sido assumida por quem é Presidente da República. Foi o mais grave ataque que Marcelo Rebelo de Sousa desferiu contra António Costa.”
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