quarta-feira, 22 de setembro de 2021

Um alarido desinformativo

 

Grande foi o alarido desta semana sobre  as afirmações, supostamente contraditórias, de António Costa a respeito do despedimento coletivo dos trabalhadores da refinaria da Galp em Matosinhos. Como de costume todos quantos se atiraram que nem gato a bofe a essa intervenção fizeram o habitual quando se trata de desinformar: retirar frases específicas do seu contexto para que pareçam aquilo que não significam. Razão para António Costa ter assinado um artigo de opinião no «Público» desta manhã para desmentir a leitura desonesta, que múltiplos comentadores dela multiplicaram a começar pelo próprio jornal em causa onde o seu diretor, Manuel Carvalho, se apressara a escandalizar-se com a aparente chantagem feita pelo governante a uma grande empresa privada. Como se não coubesse ao Estado a contenção das muitas malfeitorias, que os patrões  costumam encabeçar contra os direitos de quem trabalha.

O que António Costa veio confirmar é quanto de positivo há no fecho de uma instalação, que comprometeria os objetivos do país com a redução da sua pegada carbónica. Mas impondo que essa requalificação de espaços ambientalmente obsoletos seja feita com responsabilidade social e utilizando os mecanismos previstos no Fundo da Transição Justa de que a administração da Galp pretendeu alhear-se:  “Sim, nós temos de fazer a transição energética, nós temos de trabalhar para a descarbonização da nossa economia, mas isso tem de ser feito com consciência social e com responsabilidade”.

Não é difícil imaginar o que passou pelas contas dos donos da Galp: transfeririam para a especulação imobiliária toda a vasta área com vista para o oceano até agora preenchida pela instalação industrial independentemente dos custos sociais envolvidos na operação. Daí que faça todo o sentido a carácter exemplar com que António Costa entende punir a empresa alertando as outras que, igualmente, terão de fechar instalações e queiram imitar a golpada agora em causa.  O Grupo Amorim tem de sentir que o país não permite um tipo de regabofe digno de uma república das bananas. 

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