sábado, 25 de setembro de 2021

Os patetas que andam a tornar-se demasiado perigosos

 

A reportagem sobre os negacionistas e outros movimentos empolados pelas redes sociais para darem expressão às direitas mais extremas, voltam a justificar a leitura da «Visão» desta semana, já muito meritória noutras reportagens em que nos deu a conhecer os meandros clandestinos do Chega. Porque se esses movimentos ainda não assumiram a forma de violência física contra quem decretam serem os seus inimigos pouco faltará para que tal suceda e exista quem ande a preparar os seus prosélitos para tal. E se não conseguem alcançar a expressão dos que invadiram o Capitólio a soldo de Trump, será crível que repliquem entre nós o tipo de crime esta semana ocorrido na Alemanha em que um negacionista, simpatizante da AfD (de que o partido do Ventura será uma espécie de sucedâneo entre nós), matou um jovem de 20 anos numa estação de serviço por ele lhe ter exigido o porte da máscara.

Olhando para quem insultou Gouveia e Melo ou Ferro Rodrigues só existem duas alternativas possíveis: ou o Estado protege-se de tal gente, controlando-os e proibindo-lhes a atividade criminosa, ou haverá sangue a lamentar premiando as televisões e os tabloides que a tem promovido e encontrarão em tais fait divers as audiências e os leitores, que justifiquem atualizações em alta das tabelas publicitárias.

Já vimos que não basta considera-los patéticos: muitos deles andam mesmo a pedir um colete-de-forças. E engana-se a filha de Lobo Antunes, quando, em entrevista à mesma revista, considera necessário ouvir esses potenciais homicidas. É verdade que as suas frustrações radicam em causas mentais, que justificariam preventivo tratamento, mas sabemos bem quanto os verdadeiros malucos sempre se escusam a acreditarem sê-lo... 

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