quarta-feira, 29 de setembro de 2021

As eminências pardas na sombra de Carlos Moedas

 

Miguel Morgado, António Leitão Amaro, Sofia Galvão,  João Marques de Almeida e Alexandre Relvas foram os artífices - na sombra! - da vitória de Carlos Moedas em Lisboa e nada têm a ver com a estratégia de Rui Rio para o futuro do PSD. Ligados a Passos Coelho e a Cavaco Silva anseiam por guinar o partido mais à direita deixando-se de pruridos quanto à associação com o Chega, que julgam imprescindível para uma eventual vitória contra as esquerdas. Daí que Paulo Rangel se tenha apressado a considerar aberta a porta para se discutir o futuro laranja no congresso do início do próximo ano.  Porque os próximos meses irão ser particularmente movimentados na definição de alianças, que possibilitem a mudança que essa tendência anseia, porque, a permitirem a António Costa a execução acelerada do Plano de Recuperação e Resiliência para lá de 2023, a possibilidade de verem prolongada a travessia do deserto tenderá a estender-se por muitos anos mais.

Compreende-se, pois, que Carlos Moedas tenha dado a cara por um plano, que conta com o beneplácito do próprio Marcelo Rebelo de Sousa como se viu no nada casual encontro entre ambos na Feira do Livro de Lisboa. E adivinha-se a promoção incessante que o novo edil de Lisboa merecerá da comunicação social enfeudada a esse mesmo enredo, que o transformará no seu novo heróis redentor.

Daí a argúcia que as esquerdas deverão revelar perante aquilo que ele fará doravante. Porque, se a tentação é a de bloquear-lhe as medidas, que ele procurará ver aprovadas e em que não faltarão as de cunho mais demagógico, existe o risco de, deixando-as passar, darem azo a que as televisões as promovam como sinais de grande mudança na cidade, ou se as chumbarem, possibilitarem a vitimização e a eventual demissão para, em eleições intercalares, apostar na maioria absoluta. Circunstância em que surgiria como uma espécie de Cavaco Silva municipal com aspiração a voos mais altos.

Confiemos que António Costa continue a revelar a sagacidade colhida de longa experiência política, que faz dos opositores uns verdadeiros amadores sem arte para se afirmarem como eficazes profissionais da política. Mas que se deve  cuidar esta nova realidade com cautelas e caldos de galinha, nenhuma dúvida subsiste... 

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