segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Hoje soube-nos a pouco!

 

Peguemos na canção do Sérgio Godinho: manifestamente, e apesar da indiscutível vitória, estes resultados autárquicos souberam-nos a pouco! De nada valendo ponderar em cenários alternativos podemos sempre equacionar como estaríamos nesta altura se Fernando Medina tivesse apostado numa nova Geringonça para repetir o sucesso eleitoral de Jorge Sampaio, quando essa solução política foi por este inaugurada? Teria poupado ao Partido Socialista a derrota mais difícil de aceitar nesta noite eleitoral. Se já João Soares pagara as custas de um erro de cálculo, que o levara a pouco se empenhar numa vitória dada como certa, Medina viu posta em causa a previsão de muitos quanto ao seu futuro político na altura de António Costa passar à reforma.

Para as esquerdas no seu conjunto, e para o Partido Socialista em particular, esta ida às urnas deveria servir para compreenderem como, numa altura em que o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda minguam em votos, é altura de se somarem forças para evitar aquilo que se prenuncia para a capital: a entrega da sua gestão a uma equipa manifestamente incompetente e sem visão para levar a peito o trabalho necessário à prossecução do quanto ela mudou para melhor nestes últimos catorze anos. Embora do mal o menos: essas esquerdas têm uma solida maioria de bloqueio na Assembleia Municipal para aquilo que Moedas & Cª queiram destruir.

Mal que vem por bem é a impossibilidade dos diversos candidatos a sucessores de Rui Rio chegarem-se à frente: com as vitórias em Lisboa, em Coimbra e no Funchal, a atual liderança laranja não terá arte para pôr em causa a governação socialista numa altura em que os efeitos da bazuca irão sentir-se duradouramente. Embora com outros cuidados existem condições para manter as direitas secundarizadas nos anos vindouros.

E, igualmente, positiva a limitada irrupção do Chega na  política autárquica. A maré populista, que Ventura pretende criar fica-se pelos pensamentos mágicos, porque nem ele, nem os que o emparceiram, têm condições para irem mais além do que o tal sapo que quis chegar ao tamanho de um boi. Melhor sorte teve Santana Lopes, que não deixa de repetir o guião do que sempre com ele se verifica: depois de uma primeira vez em que a sua ascensão ao poder foi uma tragédia, as subsequentes estão fadadas a tornarem-se sucessivas farsas. 

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