quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Tudo como dantes

 

1. Aproxima-se o fim da campanha e Rui Rio esforça-se por cultivar o pensamento mágico desvalorizando as sondagens e anunciando grandes vitórias - inclusivamente a de Lisboa - que todas as evidências dão como perdida. Na sondagem da Católica é João Ferreira e a CDU quem recolhem previsão mais animadora ao progredirem como fiel da balança para o novo mandato de Medina. Quanto ao Bloco vemos Catarina Martins a incorrer na mesma tentação que Rui Rio embora as perspetivas lhe sejam sombrias. Mas será, sobretudo, Ventura a engolir em seco no próximo domingo: depois de se ter arvorado em terceira força política a nível nacional a realidade dá-lo-á como líder de um grupúsculo que, no seu único deputado na Assembleia da República, tem e terá a sua efetiva expressão. Muito me surpreenderia que chegássemos à ressaca das eleições autárquicas e não víssemos confirmada a justeza do provérbio sobre o “tudo como dantes, quartel-general em Abrantes”.

2.  A 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas só teve um discurso digno de atenção: o de António Guterres sobre o estarmos todos à beira do abismo e com os nossos governantes a insistirem em orientarem-nos para a direção errada. Entre as banalidades de Marcelo, a fanfarronice de Bolsonaro e a constância de Biden, a quem um ministro francês considerou ser igual a Trump apenas dele se distinguindo por não postar tweets, tudo o mais só propiciou um longo bocejo. Para nosso mal sem consequências de maior...

3. Reportagem elucidativa a e Maria João Guimarães nas zonas rurais alemãs para onde os neonazis estão a mudar-se não só para se apoderarem dos poderes locais, mas também melhor se prepararem militarmente para quando puderem emergir em força e disputarem a governação dos seus estados. Tendo mudado de vestuário e corte de cabelo, retomam os usos e costumes das comunidades rurais do passado, vendendo-se como cultores das tradições alemãs.

Como os nossos nazifascistas não têm imaginação para serem originais não deverão tardar muito a replicar a estratégia dos seus congéneres alemães. Importa, pois, estar atentos a essa  prevista reformulação, porque boçais venturinhas se anunciam um pouco por todo o interior do país e não tão ridículos, quantos conhecemos recentemente na Covilhã ou em São Brásde Alportel. 

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