quarta-feira, 15 de setembro de 2021

Analfabetismos

 

Olhando para os analfabetos Mark Twain não os desconsidera menos do que aqueles que não liam. O analfabetismo não se resume a desconhecer como juntar letras com o tamanho de um elefante. Também diz respeito aos que as associam para criarem opiniões, se não mesmo convicções, que não são menos ignorantes do que as dos iletrados. Assim são os negacionistas: sabem ler e até o fazem com grande entusiasmo em páginas das redes sociais, que julgaríamos patéticas acaso não se revelassem tão perigosas. Porque os seus cultores estão a revelar-se cada vez mais violentos na forma como se exprimem e atacam quem deles discorda. Como se viu com as cenas lamentáveis a que se sujeitou a segunda figura do Estado e profusamente exibidas nos telejornais. Por agora Ferro Rodrigues só teve se suportar insultos, mas viu-se que não faltará muito para que os agressores verbais partam para as de cariz físico tão só sintam oportuna a ocasião para avançarem para tal escalada de violência. Poderá a República quedar-se passiva perante essa dinâmica obscurantista? Claro que não e mal faz Marcelo ao desvalorizar o sucedido, valorizando a grande maioria, que se tem vacinado.

Como o próprio Arquimedes descobriu uma ação tão boçal, merece uma reação instruída, mas igualmente determinada das instituições republicanas. Porque deixou de se tratar do mero exercício da liberdade de expressão de um bando de lunáticos para se revelar de uma bestialidade merecedora de exemplar castigo. Incluindo a essa singular figura pública chamada Fernando Nobre, que chegou a merecer reconhecimento enquanto fundador da AMI mas que, tão-só apostado na militância política, tem-se revelado tão ignóbil quanto oportunista.

Sem comentários:

Enviar um comentário