sábado, 23 de março de 2024

Um Fútil perante as consequências dos seus atos

 

Se estivéssemos numa monarquia e houvesse que atribuir um cognome a Marcelo não seria difícil encontrar-lhe uma qualificação relativamente consensual: o Fútil.

Dos dois mandatos só nos lembraremos de quanto se prestou às selfies no primeiro, e às intrigas no segundo, justificando-se aquelas enquanto modelo eficaz para garantir o prolongamento da estadia em Belém pelo mesmo tempo que os antecessores. E seria nesta segunda parte do inquilinato, que lhe caberia fazer o sempre gizado: inviabilizar a continuidade dos socialistas no poder nem que para tal contasse com a colaboração de um ministério público transformado numa ferramenta instrumental dos seus anseios.

Que interessa agora a iminente destruição do trabalho de formiga realizado nestes últimos oito anos se os cofres cheios e os elogios internacionais depressa serão desbaratados pela ganhadora cigarra por conta dos interesses corporativos de quantos multiplicaram protestos ruidosos a fim de darem aparência de caos ao que constituiu um dos momentos mais estruturantes da História político-económica portuguesa?

Nenhum comentador aposta por quanto tempo existirá um governo tacticista, que promete legislar por decreto-lei em vez de buscar os impossíveis consensos no Parlamento. Que Pedro Nuno Santos não venderá barata a breve derrota demonstra-o a inteligência com que já avisou não estar disponível para aprovar um Orçamento de Estado, que vier mascarado com algumas das promessas, que Montenegro sabe ter de cumprir a curto prazo.

É que existe uma diferença imensa de inteligência e talento entre políticos de esquerda e de direita. Estes últimos podem ser acarinhados pelos comentadores televisivos, colherem patrocínios dos mais endinheirados e contarem com a inocência estúpida  dos que acreditarem nas suas demagogias, mas o exercício do poder expõe-lhes as fraquezas, a impossibilidade de encontrarem soluções consistentes para os problemas sociais mais candentes. E é olhar para o outro lado da trincheira e comparar Pedro Nuno com Montenegro, Mariana Mortágua com Nuno Melo ou Rui Tavares com Rui Rocha para reconhecer nos primeiros as qualidades, que nos segundos se não vislumbram. E, obviamente, não me presto a equiparar Paulo Raimundo com Ventura, porque este último é o exemplo mais refinado da malvadez e como tal deve ser tratado à parte, enquanto peste para que se deve recorrer ao mais amplo arsenal de antibióticos. Ao invés, o dirigente comunista parece ser um homem bom, credível no desejo de ver melhorada a qualidade de vida dos que provieram da sua classe social, aquela que quer genuinamente representar.

Fútil na abordagem do poder, Marcelo acabou por ser o elefante entrado na loja de porcelanas e tudo deixando estilhaçado... 

2 comentários:

  1. Que tragédia, o PS na oposição, os boys rosa despedidos para dar lugar aos boys laranjas.

    Enfim, enquanto for vira o disco e toca o mesmo...

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  2. E partiu tudo na loja de porcelanas, conseguiu ir contra vontade do povo, abriu uma caixa de Pandora ao dar a chave da porta do populismo na Casa da Democracia.

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