domingo, 31 de março de 2024

Ai as aparências!

 

Não é de hoje esta obsessão coletiva com as aparências! Andam tantos a queixarem-se de não terem dinheiro, nem estabilidade, mas as agências de viagens cantam loas ao sucesso das suas vendas e nunca se viu tanto carro a empatar a vida a quem, no trânsito, sua as estopinhas para chegar a tempo a compromissos com hora marcada. Fazer férias em sítios exóticos (dando disso conta nas redes sociais!), ou ter carro, faz parte das obrigações de quem, junto dos amigos e conhecidos, quer dar mostras de sucesso.

As aparências sempre foram importantes desde que a espécie humana ascendeu à condição de bípede e, muito mais tarde, na época romana até se pediu à mulher do Imperador que, não só fosse séria, mas também o parecesse.

Parecer sério é, precisamente, o que este novo governo não conseguirá. Imbuído de uma genética fragilidade - a de se obrigar ao conúbio com a  extrema-direita para manter-se em funções! - restar-lhe-á alternar entre a condição de mendigo e a de chantagista junto do principal partido da oposição para que o tapete não lhe fuja debaixo dos pés.

Só que, indiferente às angústias existenciais de Montenegro, Pedro Nuno Santos já definiu o que dele poderá esperar...

O que se passa no país ao lado até pode servir de prenúncio para o que se seguirá: até pode o Chega (a exemplo do Vox) perder votos para a direita menos malcriada e dar-lhe esperanças que, depois, se não confirmem. Porque, au bout du chagrin, a janela iluminada sorrirá à convergência das esquerdas. É que estas, depois de uma das somas de votos mais lisonjeiras da História da Democracia, só pode renascer das cinzas e retomar o papel que as circunstâncias lhe exigem para o momento seguinte a este interlúdio... 

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