segunda-feira, 4 de março de 2024

A sensação de já termos visto este filme há dois anos

 

1. Chegados à última semana de campanha eleitoral estamos quase como sucedeu nas últimas legislativas nesta altura: as direitas com a expetativa de ganharem, a maioria das sondagens a darem um empate técnico e a sensação de diferença entre quem parecia esgotado na mensagem (na altura Rui Rio, agora Montenegro) e quem denotava inesgotável energia para levar a agitprop até à beira da ida às urnas. O comício do Porto é discutido na bolha mediática como ponto de viragem a considerar, quando se explicarem os resultados do dia 10.

Sobram, igualmente, as prosápias do Chega e da iniciativa Liberal mas, então como agora, fica a perceção de cumprirem o que os ingleses designam como much ado for nothing (muito barulho para nada).

Na altura em que se comemora mais um Dia Internacional da Mulher Carmo Afonso começa o texto de hoje dizendo não imaginar, que existissem tantos homens retrógrados e machistas na direita tradicional. E, talvez seja, essa a justificação para ser a Outra Metade do Céu - Mao dixit - quem acabará por fazer toda a diferença nesse previsível desiderato.

2. Está também em causa a credibilidade económica de uns e outros: quando todas as instâncias internacionais reconhecem o mérito da governação socialista dos últimos anos, a direita assenta as promessas do seu programa eleitoral no tal choque fiscal, que tão mal resultou nas vezes anteriores, que o intentou: como lembra Daniel Oliveira num outro texto publicado esta manhã, Durão Barroso fugiu para a Europa, depois de inventar um país de tanga, logo abandonado a áspera austeridade e recessão, quando os vizinhos espanhóis estavam a crescer 3%. E Miguel Frasquilho viu-se forçado a manter inalterado o IRC e a aumentar o IVA de 17 para 19% depois de tanto ter prometido baixar ambos os impostos.

Tal como os reformados e pensionistas não esquecem a pesada herança legada pelos tempos de Passos Coelho, a generalidade dos eleitores deverá lembrar-se do que significaram as fugazes promessas das direitas quanto à baixa de impostos...

3. Pode-se dizer que André Ventura é uma imitação tosca de Trump e Bolsonaro, mesmo quando lhes repete os argumentos e estratégias. Até porque, nesse seguidismo tático demonstra não ter na cabeça algo que vá mais além e revele a capacidade para, prosseguindo os mesmos objetivos xenófobos e racistas, inventar falácias novas.

A tentativa de descredibilização do ato eleitoral acaba por mostrar o quanto sente o tapete a escorregar-lhe debaixo dos sapatos: a política, mesmo que praticada com a falta de escrúpulos evidenciada quando era comentador desportivo, é camioneta a mais para quem possui tão pouca areia para carregar...

1 comentário:

  1. Posso estar enganado, mas Pedro Nuno Santos vai morrer de Mortágua. A mulher assusta. E nem vale a pena dizer que Ventura é extremista. Ela também é.

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