segunda-feira, 11 de março de 2024

O caminho começa agora

 

Regresso à entrevista dada por Susan Neiman á Visão para dela reter uma frase, que se ajusta perfeitamente à situação criada pelos resultados das eleições de ontem: “Não posso considerar-me uma otimista, mas entendo que, nas atuais circunstâncias ter esperança é uma obrigação moral”.

Empunhemos então essa obrigação moral de não nos deixarmos vencer pelas emoções negativas de nos sabermos rodeados por tanta gente capaz de votar num vigarista, que soube ser o discurso xenófobo e racista o mais eficaz para dar azo à satisfação do seu inchado umbigo. Confirmação de como é tão comummente sobrevalorizada a ilusória “sabedoria” do povo, uma mistificação demagógica destinada a confortar almas inquietas, mas nada valendo em tantas alturas da vida.

Sabedoria tinha sim Saramago, que dizia melhor relativizarmos tudo quanto vai sucedendo, sem nada dramatizar. Porque as marés vão e vêm e lá virá o tempo em que o seu cético otimismo acabará por ganhar melhor sentido.

Agora há que arrepiar caminho. Começá-lo de novo a partir das premissas, que nos são tangíveis. E isso o explicitou Pedro Nuno Santos ao reagir ao desaire, afinal não tão calamitoso quanto o previam as sondagens. Agora é esperar para ver como Montenegro vai dar satisfação aos polícias, aos agricultores, aos professores, aos médicos, aos enfermeiros, aos funcionários judiciais e outras corporações que, sem atenderem ao facto de estarem-se a criar condições para lhes satisfazerem alguns dos anseios - mas não todos, que a riqueza nacional não é um bolso sem fundo! -, conjugaram-se para serem os idiotas úteis que criaram as condições para o golpe de estado promovido pelo ministério público com a conivência de Marcelo.

Não tenhamos dúvidas, que muitos agora calarão as exageradas reivindicações, porque derrubar os socialistas era tudo quanto pretendiam quem os manipulava, mas que sentirão precisamente os por eles embalados e agora sujeitos a um vazio de perspetivas?

No sorriso confiante de Pedro Nuno espelhou-se a confiança de virem novos tempos para sacudir os que são os de agora... 

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