domingo, 10 de março de 2024

O dia dos prodígios ou dos desencantos?

 


1. Neste dia de ida às urnas vamos esclarecer em que ponto está  a “alma” (sendo lá o que isso for!) deste povo: merecedor da Revolução, que soube forçar há cinquenta anos, ou novamente tentado aos passos atrás como quando logo apoiou gente pequena (Sá Carneiro, Cavaco Silva e Cª) a enterrar algumas das mais vibrantes conquistas de então.

Não subscrevendo a falaciosa expressão quanto à “sabedoria popular” não arrisco quanto ao que farei no fim deste dia: abrir a garrafa de espumante para comemorar a vitória ou repetir que, havendo mais marés que marinheiros, atrás de tempos, outros mais bonançosos hão-de vir.

Não é preciso repetir qual o meu voto para o que logo à noite será a conclusão nesse dilema.

2. À Visão a norte-americana Susan Neiman afiança vivermos num mundo sem sentido, porque “cada vez mais consumista, nacionalista e à beira do colapso climático”. Havendo a frustração de nos vermos impotentes para conseguirmos mudar o que de substantivo possa ser a corrida para o abismo.

Esse pessimismo ganha maior expressão, quando vemos os jovens completamente alheados do problema ou, em alternativa, apostados em ações fúteis capazes de criarem maior número de opositores para o ativismo climático do que para a sua mobilização.

Enquanto não se livrarem da bolha suscitada pelos videojogos e pelas redes sociais, e entenderem como o seu futuro depende da aceleração do fim do capitalismo, os jovens serão força de bloqueio para a transformação do amanhã nesta altura em que crescem as preocupações quanto à sua distópica concretização.

3. O aumento da gonorreia, clamídia e sífilis, de acordo com o Relatório europeu da Prevenção e Controle de Doenças, corrobora essa irresponsabilidade juvenil. Querendo muito naturalmente vivenciar os prazeres do sexo, as novas gerações enterram a cabeça na areia e consideram que as medidas de autoproteção só para os outros se justificam. Descobrindo demasiado tarde, que os efeitos acabam por em si surgir...

4. Eloquente igualmente o aumento das vítimas de violência doméstica apoiadas pela APAV nestes últimos três anos: 22,9%. Sintoma destes tempos em que se vão acumulando frustrações por não ter casa, emprego decente e dinheiro bastante para todos os gadgets, concertos, ou destinos exóticos, que se desejariam conhecer. E, sendo assim, o corpo (do outro, seja mulher, companheira, namorada ou filhos) é que paga.

 

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