terça-feira, 26 de março de 2024

Novas metodologias para alcançar melhores resultados

 

1. Pensar fora da caixa - eis uma regra fundamental da gestão de empresas, que deve replicar-se na política como o agora substituído governo socialista acaba de comprovar.

Durante os anos de maioria absoluta seguiu-se a regra maquiavélica de apertar o cinto nos primeiros dois anos para lautamente o alargar nos dois seguintes, criando-se assim a expetativa de uma perenização no poder. Muitos comentadores de direita inquietavam-se com a possibilidade de uma infindável travessia no deserto por parte dos protegidos e por isso foi tão fácil concertar interesses - em Belém, na justiça e nas lutas corporativas mais ou menos orgânicas - para assegurar que isso nunca poderia suceder. Daqui a  uns anos, quando a distância histórica trouxer informações e perspetivas agora difíceis de entender a quente, esta teoria, mais ou menos conspirativa, terá provável confirmação por várias fontes.

Daí que tivesse sido necessário que António Costa, e quem o assessorava, levar em conta essa estratégia adversária e, atempadamente, tomar posições a tal respeito.  Que tal não sucedeu viu-se na forma como se comportou Vitor Escária, precisamente um dos que com tal se deveria preocupar e, por isso, ter apreço pelo conselho dado à mulher de César, mesmo não havendo provas de ilicitude no dinheiro vivo, que guardara no seu gabinete.

Entretido nos jogos florais com Marcelo - interessadíssimo em alimentá-los - António Costa perdeu o foco onde concentrar a atenção. E foi isso que acabou por precipitar o indesejável desiderato da sua governação.

2. Fernando Medina é outro exemplo interessante de como manteve os esquemas de pensamento em que melhor pretendia cumprir a sua missão quase circunscrita à sucessiva conquista de reconhecimento internacional pelas metas económicas invariavelmente superadas.

Depois de legar a Carlos Moedas uma herança, que este vai despudoradamente aproveitando para fazer de conta que tem obra feita (quando toda ela se deve à lançada pelo antecessor), volta a entregar ao ministro das Finanças da AD os cofres cheios, que este irá desbaratar sob pena de assistir a uma agitação social difícil de contentar, tantas e  tão irrealistas foram as promessas feitas a quem nela participou até agora. E o mais paradoxal será a forte probabilidade de, aberta a caixa de pandora, quem o fez a pretexto de derrubar o governo socialista, não a consiga agora fechar, porque alimentou-se a ilusão de, já e agora, tudo ser possível para alcançar melhor qualidade de vida.

3. O mês que aí vem também será desafiante para quem ganhou as eleições de 10 de março e é manifestamente contra os ideais abertos pela Revolução de há cinquenta anos.

Apesar das fundamentadas reservas relativamente aos relatórios oriundos do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa - não é por acaso que foi onde Passos Coelho ganhou estatuto de «professor»! - o estudo “50 Anos de Democracia em Portugal: Mudanças e Continuidades Geracionais” demonstra que só 7% dos inquiridos olha para o legado deste meio século como negativo, sendo quase 70% os que o consideram benéfico. Assim pensam também os jovens apesar da mistificação sobre a predisposição para apoiarem o Chega.

4. Outro estudo, financiado pela Fundação Friedrich Ebert e agora apresentado na Fundação Mário Soares, revela uma evidente incoerência entre o discurso racista e xenófobo do Chega com o dos seus simpatizantes, que até se confessam próximos de outros partidos. O que  condiz com a possibilidade de, pensando fora da caixa relativamente à forma e conteúdo dos discursos de como se deverá contrariar as extremas-direitas, existir potencial para a esvaziar da presente relevância. Depois de crescer como sapo apostado em ser boi, é altura de, aqui e internacionalmente, criar as condições para estoirar o seu inflado vazio de ideias, mas tão cheio de mentiras e currículos delinquentes...

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