sexta-feira, 10 de março de 2023

Qual é a admiração?

 

Grande vai o sururu no eleitorado socialista a propósito da entrevista dada por Marcelo por ocasião do aniversário da sua tomada de posse enquanto presidente da República.

Não percebo é onde se justifica essa indignação quando, quer no anterior mandato, quer no atual, tem sido característica desse personagem a contínua intenção de semear pedras no caminho desbravado por António Costa. Alguma vez acreditaram que ele deixasse de ser quem sempre foi, ou seja quem se opôs às greves académicas de 1962, ou fez do «Expresso» uma das principais ferramentas de arremesso contra as esquerdas no pós-25 de abril, propósito logo prosseguido no afã de comentador televisivo apostado em adoçar as condições para a submissão segurista à intenção de manter o seu partido na liderança do país por muitos e malfadados anos?

É certo que António Costa tem-lhe facilitado o permanente labor conspirativo a partir de Belém. Numa tão descoordenada governação, que se julgava ilusoriamente almofadada pelo covid ou pela guerra na Ucrânia para disfarçar as inabilidades, têm sido lamentáveis muitas das atitudes do primeiro-ministro. E uma das que, enquanto socialista, mais lhe verbero é a reiterada intenção de sabotar as ambições de Pedro Nuno Santos para abrir caminho a um sucessor, Fernando Medina, que vem dando sobejas provas de não ter gabarito para tais pretensões. Mormente num eleitorado, que não se esquece de tê-lo como principal responsável da maior derrota sofrida pelo Partido na ultima disputa autárquica.

Mas, incompetências e intrigas palacianas à parte, todos os socialistas desejam que o governo faça aquilo que dele se espera: consiga melhorar significativamente a qualidade de vida dos portugueses e lhes dê esperanças quanto a terem algum prelúdio a amanhãs que cantem, por muito que saibam não serem as atuais políticas as que para lá nos direcionarão. Mas isso são contas de outro rosário, o de uma cena internacional em que está a tardar em demasia o amesquinhamento das direitas extremas e a pujante afirmação de esquerdas sem vergonha de o serem.

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