domingo, 12 de março de 2023

A desintoxicação do sinistro ópio

 

Incompreensível a sugestão de quem anda a publicar textos sobre a Igreja Católica e a suposta perda da sua condição de referência moral na vida dos portugueses.

Referência moral? Homessa!

A Igreja da assassina Inquisição, que tanta morte e sofrimento causou, e  quis manter os métodos censórios e persecutórios mesmo quando os tempos mudaram e se viu privada das “fogueiras purificadoras”?

A Igreja, que sempre andou de mão-dada com os poderes reais e os do Estado Novo, expulsando do seu seio quem a desejaria servidora dos interesses dos humilhados e ofendidos que, pelo contrário, ludibriou e explorou?

A Igreja, que se julgou legitimada no afã de submeter à sua vontade - no aborto, na eutanásia - quem não lhe reconhecia os pressupostos em cumprir-lhe os indecorosos preconceitos?

Estes dias de denúncia dos crimes de pedofilia nas sacristias e nos seminários não surpreenderam. Nem tão pouco a cegueira, que leva a maior parte dos bispos a acenarem com justificações, que julgam capazes de calarem o clamor contra o inaceitável encobrimento de práticas, que se adivinham bem mais frequentes do que os números anunciados pela Comissão Independente.

Sabíamos que a religião é o ópio do povo, mas aumenta a esperança de estarmos perante uma desintoxicação, que dê lucidez a quem, na Ciência, pode encontrar tantas respostas para os supostos mistérios, que entendem alimentar sobre a Vida. Feita de matéria e sem nada de transcendente a caracterizá-la.

Desilusão para quem desespera com o tempo fugidio e a inexistência de aléns paradisíacos? É um facto, mas não há como aceitar e encarar cada dia como o propunha o poeta Horácio citado pelo professor John Keating aos seus alunos:  carpe diem quam minimum credula postero! 

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