domingo, 26 de março de 2023

E o mundo continua a girar!

 

Enquanto Marcelo e Costa se entretêm com evento menor nas cálidas temperaturas do Caribe, não faltam horas de debates televisivos sobre os enfatizados arrufos entre ambos. Como se fossem novidade, ou pressupusessem alguma mudança substantiva quanto ao que ditará a relação institucional até ao dia em que o selfieman mudar de funções e voltar ao comentário televisivo com o mesmo estatuto, que foi o seu antes de, para mal dos nossos pecados, impor-se-nos como mais alto magistrado da Nação, privando-nos de quem (Sampaio da Nóvoa) o seria com outra elevação e gravitas.

Por regra os opinadores do momento sobrevalorizam a inteligência pérfida do professor e minimizam a do antigo aluno. Como se querem enganar! António Costa já leva muitos anos de política para saber como contornar os constrangimentos, que lhe querem impor. E não fossem algumas das suas opções para quem quer a acompanhá-lo no elenco governativo, ou a injustificada preocupação em facilitar a sucessão ao seu putativo delfim - em detrimento de quem se tornou o seu patinho feio! - e não haveria, que muito apontar ao seu legado durante estes sete anos: porque enfrentou a pesada herança passista, a começar pela dívida pública e a acabar na indecorosa privatização da TAP, para depois salvaguardar os portugueses dos efeitos da pandemia. Assim como, perante a guerra na Ucrânia, tem sabido preservar o crescimento económico, o controlo do desemprego e a subida no preço dos recursos energéticos.

Falta resolver alguns focos de contestação social ou baixar a inflação dos produtos alimentares? Claro que sim! Mas, como corredor de fundo que é, não tem encontrado arte de vencer os não menos difíceis desafios com que se tem deparado?

Talvez lhe falte, ainda assim, o conselho avisado do pai, que estaria porventura a, nesta altura, adverti-lo por ter pendido durante cinco anos mais para a esquerda com a colaboração das esquerdas e, ganha a maioria absoluta, se ter iludido com as virtudes de um reposicionamento ao suposto centro que -, Macron o está agora a sentir na pele! - a poucos agradará: nem aos que mais explorados se sentem, nem aos que, impenitentemente gananciosos!, não deixam de, sempre que podem, lançar-lhe o veneno da sua vera personalidade (vide o escandaloso discurso do patrão cujo ordenado mensal é centenas de vezes maior do que a média dos que para ele trabalham!).

No meio de tudo isto, que resta do palavreado de Marcelo e da sibilina resposta de Costa? Um mero pretexto para gente pouco séria compor a carantonha e proferir as mais disparatadas previsões como se os fadasse o talento dos oráculos.

O povo falaria da caravana a passar enquanto os cães ladram, mas o bem mais sábio Galileu redarguiria que, como sempre sucede, a Terra continua a girar...

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