domingo, 19 de março de 2023

A monstruosidade, a anarquia e um pequeno bonaparte

 

1. Terá valido a pena desassossegar os frágeis equilíbrios de pessoas traumatizadas na infância e adolescência por padres abusadores, que quiseram convencê-las de  serem instrumentos das vontades divinas? As intervenções públicas de Daniel Sampaio vêm tornar pertinente essa questão tão veemente parece a vontade dos bispos em minimizarem as consequências daquilo que o seu próprio papa classificou de “monstruosidade”. Porque, depois do sério trabalho da comissão independente, o clero nacional aposta na lógica militar do tudo como dantes, quartel general em Abrantes.

Deixarão os portugueses, que essa atitude cobarde persista? Eis algo que motivará a nossa atenção nos próximos tempos.

2. Motivo igualmente de atenção as consequências judiciais e militares do ato de insubordinação cometido pelos quatro sargentos e nove praças de uma unidade da Armada aportada na Madeira.

Se há quem pretenda aproveitar-se do gesto como pretexto para apontar armas ao governo, parece evidente que algo de muito sério poderá explicar o sucedido. Porque este tipo de reivindicações inorgânicas poderá aproveitar a extremos, que se tocam - à descarada coligação do STOP com o Chega - mas nenhum problema de fundo resolve no essencial. E, perante a tendência coletiva para rejeitar a anarquia, não deixa de ser curiosa a adesão das direitas por razões meramente tacticistas. Porventura enganando-se na estratégia como, há muito, vem sendo seu hábito.

3. Quanto àquele que houve quem caracterizasse como uma espécie de Cavaco com perfil de Eanes, que o futuro nos livre de tal hipótese presidenciável. E, na altura certa, que Augusto Santos Silva se afirme como o mais arguto para liderar, a partir de Belém, o que necessário for necessário para minguar as aspirações do oportunista da extrema-direita, senão mesmo ilegalizá-lo como afronta que é para a Constituição da República.

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