sábado, 18 de dezembro de 2021

Um primeiro milho atirado aos pardais do passado

 

1. A História repete-se, quer em França, quer em Portugal: a imprensa de direita - ou seja quase toda! - embandeira em arco com os seus líderes acabados de serem eleitos em primárias. Valérie Pécresse no hexágono, Rui Rio nesta cantinho ocidental, são promovidos como protagonistas de uma dinâmica, que lhes poderia assegurar as vitórias respetivas em 2022. Como se a História não seja fértil em exemplos deste tipo de crescimentos proporcionados por momentos particularmente mediáticos, que depois se esfumam. Qualquer politólogo de vão de escada o confirma sem rebuços: se a estranheza inicial tende a iludir uns quantos entediados com os sabores do costume, depressa tendem a vomitar a novidade quando suspeitam de como ela se lhes entranhará.

De qualquer forma, pegando-se na sondagem da Aximage poder-se-ia participar nesse tipo de elucubrações para questionar com quem Rio conseguiria fazer governo se o Chega e o Iniciativa Liberal andam a minguar e o CDS foi chão que já deu uvas. Isso se infletisse a desvantagem que tem para com António Costa o que nem nas piores conjeturas passa pela cabeça de qualquer socialista, desta vez menos dispostos a ficarem em casa ou a retomarem a votação no seu partido, tão-só constatado o resultado das excessivas facilidades com que imaginaram Medina reeleito em Lisboa.

Seis anos depois o slogan continua a valer como incontornável: Eu Confio em António Costa!

2. Porque não estranhamos o que se passou em Odemira com as agressões inadmissíveis a que alguns emigrantes se sujeitaram quando um bando de sádicos dentro da GNR os quis tomar como focos de diversão? Tendo em conta que Eduardo Cabrita deixou por concluir a depuração das polícias que se encobertaram sob a pantalha do Movimento Zero e que, mais facilmente, se desmascaram enquanto negacionistas das vacinas, que não se aprestaram a tomar, fica para o próximo governo a tarefa de prosseguir a limpeza. Esta deveria passar pela substituição das chefias complacentes com os desmandos dos seus comandados e por uma revisão dos processos de seleção que permitem a entrada desse tipo de gente nas corporações policiais. Afinal de contas não é preciso grande ciência para um qualquer psicólogo identificar diante de si um racista com défices de autoestima e por isso mesmo propenso a vingar-se nos fracos das inseguranças, que em si não consiga resolver.

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