Convenhamos que não faltam relatos de náufragos afogados com a praia à vista ou de quem morreu de sede no meio do deserto com a miragem de opulento oásis a dar-lhe a ilusão da iminente salvação.
Rui Rio prepara-se para viver experiência semelhante, porque se tem passado de vitória em vitória, quase por certo conhecerá a derrota final, aquela em que todos quantos no Congresso do PSD esconderam as armas debaixo das farpelas, delas as voltarão as trazer à vista tão-só tenham o ensejo de vingarem as humilhações recentes.
Uma das esperanças do confirmado líder do PSD residia na possibilidade de Bruxelas chumbar o plano para a viabilização da TAP. Que não se verificou! A estratégia de Pedro Nuno Santos sobrepôs-se a todas as sabotagens, boicotes e outras operações de lobbing, e até poderá considerar-se um favor o que a Comissão Europeia estipula em relação ao negócio da manutenção no Brasil, que se revelou um escoadouro de dinheiro, finalmente cerceado já tarde e a más horas. Nada a dizer, igualmente, em relação às participações na Groundforce ou na Cateringpor, muito embora se possa temer sobre quem tomará conta de tais atividades, dado o histórico acumulado na primeira com as tropelias de um afilhado de Passos Coelho, que tanto prejudicou a economia portuguesa em anos recentes com a forma chico esperta como quis esconder a intenção de só ter por objetivo a transferência de avultadas verbas para paraísos fiscais deixando-a descapitalizada e com a tesouraria a descoberto.
Claro que as direitas quererão vender a ideia de ficarmos com uma TAP no diminutivo em vez da empresa determinante para servir de pivot a várias outras dela dependentes. Mas são os números a desmentir os argumentos dos maledicentes: os 96 aviões com que fica são ainda três acima dos que possuía em 2018, altura em que ninguém se atrevia a classifica-la diminuta.
Pode-se lamentar que o figurão irlandês da Ryanair possa aproveitar os 18 horários, que a TAP é forçada a facultar, mas está aí um trabalho sério a fazer: o de demonstrar que os preços baixos dos bilhetes não justificam a valorização de quem tão frequentemente tem insultado os portugueses com recurso a argumentos demagógicos elucidativos sobre o tipo de ideias fascizantes, que imperam naquela cabeça. Que haja quem continue a esquecer os princípios e aceite fazer-se transportar por esse concorrente da TAP só mostra faltar a muitos dos nossos compatriotas uma espinha direita, porque facilmente se acomodam a grotesca e gelatinosa curvatura.
Que poderá alegar Rui Rio para presumir-se com competências para governar Portugal? Não tendo uma visão de desenvolvimento sustentado para o país, sendo capaz de defender tudo e o seu contrário, esperemos que tenha a votação merecida em 30 de janeiro. Regressando lestamente ao anonimato donde sempre saiu sem que nada de assinalável tenha constituído legado da sua passagem pela boca de cena.
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