Ao vermos os telejornais são comuns as reportagens, que pretendem mostrar a gestão de Carlos Moedas em Lisboa como uma sucessão de notícias positivas. O centro de vacinação do Parque das Nações, os testes gratuitos ao covid ou os descontos do IRS nos rendimentos dos munícipes - tudo parece ajustado para que se dê do trabalho do novo presidente um salto qualitativo em relação ao que Fernando Medina vinha desenvolvendo nos anos recentes. Mas a realidade manda reconhecer que, do seu programa eleitoral, Moedas ainda não lançou um só dos objetivos prometidos estando-lhe perspetivado incontornável calvário a curto e médio prazo dada a maioria negativa que, contra ele, sucessivamente votará na assembleia municipal.
Enquanto o pau vai e volta, pode usufruir a luz dos projetores que o consideram o novo herói laranja, mesmo que tenha agido claramente contra Rio na fase anterior à das primárias do seu partido e apostasse na bem sucedida campanha de manter Passos Coelho vivo na memória dos seus como se de Sebastião se tratasse à espera de dia de nevoeiro. Pode-se reconhecer que, tendo o passismo caído por manifesta obsolescência, Moedas não se priva de manter esse epifenómeno de má memória dentro de si.
Tem até o benefício de ser promovido pelo «Público» como uma das doze figuras do ano numa demonstração de como um certo jornalismo olha para a vistosa árvore e é incapaz de entender o que a tornou relevante numa conjuntura muito particular, que se limitou a replicar as circunstâncias em tempos vividas por João Soares quando viu o excelente trabalho autárquico cerceado pela tralha santanista, que só deixou para a posteridade um túnel, que muitos entenderam desnecessário, sobretudo para uma perspetiva urbana mais tarde ou mais cedo limitativa da livre circulação automóvel pela cidade.
Não será de espantar que o jornal dirigido por Manuel de Carvalho mantenha a estratégia de torpedear o que cheire a socialismo e aposte todas as fichas num certo 30 de janeiro onde aspira a ver promovido ao patamar dois graus acima da sua competência um Rui Rio, que até dos companheiros merece reservas quanto à possibilidade de vir a ser eficaz distribuidor das mordomias oferecidas pelo improvável acesso ao pote. O editorial do diretor do «Público» procura manter em chama viva o desafio de Montenegro no Congresso como se um partido capaz de aliar-se ao Chega para tomar o poder nos Açores mereça qualquer crédito quanto ao que fará ou não num cenário pós-eleitoral. Mas Carvalho teima em considerar pertinente o que é episódica bravata de um dos tais passistas, incapazes de se libertaram de quem os inspira.
Sem comentários:
Enviar um comentário