Não tenho dúvidas quanto seria relativamente fácil seguir a lógica do Bloco de Esquerda em relação à questão do Serviço Nacional de Saúde: aumentavam-se os salários dos médicos e enfermeiros, garantia-se-lhes a carreira por que aspiram e muitos deles virariam costas às clínicas e hospitais privados para dedicarem-se exclusivamente à saúde pública. E até nem faltaria dinheiro para tal, porque bastaria investir nessa nova política o que se gasta com horas extraordinárias e com tarefeiros.
O problema do Bloco é não ter honestidade suficiente para reconhecer que o problema não está só nalgumas árvores, mas em toda a floresta. Aumentem-se os rendimentos e regalias de algumas das profissões vinculadas ao setor público e logo todas as outras pretenderiam condições semelhantes, desde magistrados e juízes a professores, polícias e pessoal administrativo, sem esquecer os técnicos e os políticos (por sinal dos mais mal pagos de todos!). E dinheiro para tanto há? Não existe aquela ladainha demagógica e mentirosa de vivermos num país com Estado a mais e dinheiro a menos para os privados?
Aceda-se a derrubar uma carta e é todo o equilíbrio precário nas remunerações dos que trabalham para o Estado, que cairá como castelo de cartas. E por isso estamos perante desafios para cujas soluções a sensatez tem de se ajustar com a morosa transformação.
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