domingo, 6 de fevereiro de 2022

E durará, durará, durará...

 

Gosto de ler os textos de Teresa de Sousa embora me distancie dela o fervor atlantista pró-Nato. Mas dou-lhe o benefício de a não incluir na “bolha politico-mediática”, que ela própria denuncia na sua crónica de hoje e aponta como responsável para o completo enviesamento entre as previsões das sondagens e os resultados de domingo transato. Porque passou-se tão só isto:  a maioria dos comentadores, que andavam a deleitar-se com a tal corrida taco-a-taco entre António Costa e Rui Rio nada soube entender sobre os verdadeiros sinais dados por quem sentiu na pele a superação da crise económica e social trazida pela pandemia e constatou tudo quanto levou ao chumbo do Orçamento. De forma implícita a jornalista confia na capacidade de António Costa para vencer “o desafio de uma vida: provar que uma maioria absoluta não é “poder absoluto”, governando com abertura, magnanimidade, transparência e competência”.

Conseguindo-o dará razão a outra colunista do «Público», Ana Sá Lopes, que da observação do sucedido durante esta semana constata que “a direita não aprendeu nada com o que se passou a 30 de Janeiro e prepara-se para ser o seguro de vida do PS para os próximos anos .(...) Podiam ter aprendido qualquer coisa com os 16 anos de Angela Merkel e a maneira como ela lidou com a sua extrema-direita. Mas não querem — foram capturados por um partido racista e isso é muito significativo.”

Para já tudo se conjuga para eu ver confirmado o que há dias aqui previ: não haverá tergiversação com a tão desejada reforma da lei eleitoral, deixando lacrimosos os defensores dos círculos uninominais, que tanto favoreceriam o caciquismo local. Daniel Adrião, um daqueles “socialistas”, que bem dispensaria ter como fomentador de ruído de fundo, já veio proclamar que, assim, os portugueses têm menos direitos eleitorais que os restantes europeus”. Mas que haverá a acrescentar sobre alguém que tudo faz para ganhar alguma atenção mediática, mesmo que a anterior iniciativa pessoal tenha sido integrar-se num abaixo-assinado com o homem da CIP e outros que tais a pedinchar um governo de bloco central a Costa e a Rio?

Sem pio, e não Rio, que isso só ao PSD incumbe, tenderá a ficar o odioso facho: em seis meses menos dez mil pessoas necessitaram do RSI para reorientarem as suas vidas. Surjam soluções de emprego da sociedade e ninguém quererá (sobre)viver à conta de tão «choruda» benesse.

Resta, enfim, olhar para os danos causados pelo amigo do mesmo facho no outro lado do Atlântico: sem surpresas ficámos a saber que a desflorestação da Amazónia brasileira cresceu 56% desde a chegada de Bolsonaro ao poder. Razão para lhe desejar a mais urgente remoção de sítio para onde deixe de fazer tanto mal! 

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