No seu recente «Pelo Socialismo», em que junta boa parte das crónicas publicadas no «Le Monde» entre 2016 e 2020, Thomas Piketty constata que, apesar da distração dos prosélitos do capitalismo mais selvagem não permitir-lhes compreenderem-no, a batalha pela diminuição das desigualdades está a pender para quem a defende, bastando olhar para a os gráficos da evolução dos detentores do património nos últimos cento e vinte anos. A fiscalidade e outros políticas comummente associadas ao Estado social têm operado uma evolução na distribuição dos rendimentos, que desmente a perceção quanto à sua crescente iniquidade. E até mesmo governos de direita, quando as circunstâncias os confrontam com o ter muita força o que tem de ser, contribuem para essa inevitável tendência.
Espanta é termos de estar sempre a repetir a matéria dada, demonstrando quanto o liberalismo defendido por Cotrim de Figueiredo não nos faz falta nenhuma. Depois dos muitos danos causados pelos boys da escola de Chicago as teses sobre as «vantagens» do Estado mínimo são tão falsas quanto outras teorias da conspiração, que proliferam nas redes sociais. Por isso mesmo continuam a fazer falta os textos como o hoje assinado por António Correia de Campos no «Público», que tem por tema o debate em torno do Estado Social. Sobre o qual conclui que, se “não detém o monopólio da bondade cívica, (...) é o mais poderoso equalizador social que até hoje foi construído. Sem pensões públicas a pobreza seria muito mais extensa e profunda, sem o SNS, hospitais e consultórios concentrar-se-iam nas zonas litorais e nos grandes aglomerados, abandonando as periferias, sem a escola pública perpetuar-se-iam ainda mais as desigualdades de nascimento. O Estado social deve ser modernizado, tornado mais enxuto, menos parasitado e mais focado em objetivos e metas. Enfraquecer o Estado social com a teoria do Estado mínimo, como pretendem velhos e novos liberais por crença acrítica no mercado, é destruir equilíbrios e pactos sociais de quase um século. Há registo de como se alcançou o Estado social, mas desconhecem-se os efeitos do seu desmantelamento.”
Por tudo quanto ele explicita convém que não cedamos um milímetro aos que anseiam por esse objetivo. Porque se os fascistas do Chega incomodam muito - sobretudo pelo ruído do seu banzé! - os vendedores de ilusões da privatização de tudo quanto incumbe constitucionalmente ao Estado, constitui perigo sério a ser combatido com ainda maior determinação.
Como é óbvio, não li o texto do correia de campos. Porque é preciso lata de vir agora com essas tretas, quando no seu livro branco da Segurança Social defende o plafonamento da mesma. E principalmente quando, tendo sido ministro daquele governo pseudo socialista do liberal sócrates, quase destruiu o SNS, tendo feito o mesmo tipo de políticas dos governos laranjas. Para mim, correia de campos encontra-se na ala da tralha do PS, ao lado dos sousas pintos, dos galambas (antónio, claro), assises, belezas, adriões, santos silvas, e outros figurões cuja saída só beneficiaria o Partido.
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